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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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Dia Mundial da Alfabetização: lembre de respeitar o ritmo de cada um

POR:
Flávia Vivaldi

 

Pensando sobre o tema da semana, acabei fazendo uma viagem no tempo e revisitei meu passado como mãe e como alfabetizadora. A divagação me impeliu a mergulhar ainda mais e reuni a família para ouvir as lembranças de leitura dos dois meninos da casa – um com 22 e o outro com 25 anos. Indescritível a catarse gerada. Pedi que me contassem algumas cenas que lembrassem de momentos em que ainda não sabiam ler, mas que foram marcados pela leitura de alguma história feita por alguém e que também buscassem na memória o momento que se sentiram proprietários da leitura. Uma tempestade de cenas se formou e os relatos foram despejados numa série de boas e belas recordações.

Minha intenção, a princípio, era a de ouvir um pouco sobre as sensações geradas pela leitura em relatos que trouxessem memórias de escuta e de leitura propriamente dita. Mas o que acabou acontecendo ultrapassou minhas expectativas. Ouvi o relato do momento em que um deles se deu conta de que sabia ler. Perguntando pra ele sobre seus momentos como ouvinte de histórias lidas – todo domingo ele ganhava uma revistinha da Turma da Mônica e sua coleção até hoje é intocável – ouvi: “Hoje, acho que a história não era lida pra mim, era contada. E sendo assim, quando acabava, eu queria ouvir de novo e corrigia meu pai toda vez que o que ele falava estava diferente do que eu havia ouvido minutos antes.” Como isso é presente na vida dos pais! A criança, no seu mais acentuado grau de egocentrismo quer ouvir exatamente do jeito que ouviu a primeira vez.

A alfabetização constitui apenas parte do que o aluno precisa aprender em relação à Língua Portuguesa. Porém, construir o princípio alfabético demanda uma gama de etapas. Considerando as diferentes bagagens que cada sujeito traz até o momento de sua efetiva alfabetização e as distintas maneiras de conceber novas informações, torna-se evidente que os ritmos de aprendizagem serão variados. Aliás, tal evidência nos acompanha por toda nossa vida.

Não raro me deparo com situações em que o aluno de 6/7 anos chega ao mês de setembro sem ter conquistado seu status de leitor e a ansiedade do professor e da família abre espaço para sérios questionamentos quanto à normalidade de desenvolvimento do sujeito.

É preciso levar o professor e a família à consciência de que processos internos de construção, como a leitura, não se apresentam da mesma maneira e ao mesmo tempo em crianças diferentes. Sugerir que os adultos busquem em suas memórias as lembranças da infância como ouvintes e leitores é abrir espaço para tal reflexão, uma vez que, certamente, se lembrarão de que os colegas de classe não aprenderam a ler ao mesmo tempo; de que ouviam (ou não) muitas histórias lidas (ou contadas) pelos pais; de que tinham (ou não) boa variedade de livros e revistas à disposição. São exatamente as sensações afetivas recordadas que dão pistas de quão prazerosa (ou não) foi essa etapa na vida deles. E agora cheguei realmente onde queria: que sensação o processo de construção da leitura tem causado nos meus alunos? De descoberta, de conquista, enfim, de afetos positivos? Ou, de tensão, de insegurança e outros afetos negativos?

E você, tem boas recordações de suas descobertas? Deixará em seus alunos lembranças de prazer? Compartilhe conosco sua experiência sobre esse tema.

Cumprimentos mineiros e até a próxima segunda!