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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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Momentos de brincadeiras para todas as idades

POR:
Flávia Vivaldi

Em seu post de despedida, a blogueira Flavia Vivaldi reflete sobre a importância de reservar momentos para brincadeiras livres em todas as faixas etárias. Foto: Shutterstock

Professores de todos os níveis de ensino, vira e mexe, falam para os seus alunos: “Agora, acabou a brincadeira!”. Claro que a intenção é sempre destacar a relevância das horas de dedicação à construção de novos conhecimentos e orientar a atenção da garotada para os momentos de aprendizagem. No entanto, cada vez mais, estudos e pesquisas avaliam os benefícios do brincar na vida não só das crianças, como também dos adultos.

Apesar disso, o dia das crianças e dos jovens anda cada vez mais preenchido com atividades estruturadas, ou seja, as que são pautadas por regras e metas a ser alcançadas, como as esportivas e o estudo de línguas estrangeiras. Certamente, seus pais estão preocupados em oferecer a eles as melhores experiências, já vislumbrando o ingresso em universidades concorridas. O que talvez eles não saibam é que sacrificar o tempo de brincadeiras pode acarretar no comprometimento do desenvolvimento da criatividade e da cooperação, ou seja,prejuízos ao seu desenvolvimento social, emocional e cognitivo.

Mas pode surgir a dúvida: “Os jogos e as atividades lúdicas propostas no dia a dia já não podem ser consideradas brincadeiras?”. É claro que os jogos de regras, além de divertidos, também são excelentes para o exercício de habilidades sociais e da cooperação. Acontece que eles fazem parte das atividades estruturadas. E o que estamos defendendo é que até os estudantes mais velhos tenham tempo para as brincadeiras livres, aquelas que “não têm regras iniciais e, assim, permitem mais respostas criativas”, como define o psicólogo norte-americano Anthony Pellegrini, da Universidade de Minnesota.

Esse tipo de brincadeira permite um maior uso da imaginação, a experimentação de novos papéis e a busca por novos desafios, o que está diretamente relacionado com a flexibilidade de lidar com situações diversas e inusitadas. A atividade lúdica livre é criada e iniciada pelas crianças, são repetitivas e voluntárias e acontecem em ambientes percebidos como seguros, por isso, aliviam o estresse e contribuem para o desenvolvimento das habilidades sociais.

Se diversas ciências, tais como a neurociência, a psicologia e a sociologia, trazem avanços nas descobertas em relação aos efeitos da brincadeira, a Educação não pode e nem deve se manter neutra a elas. Sendo assim, além dos professores da Educação Infantil, que já garantem, sistematicamente, um momento para as brincadeiras de faz de conta, o que nos parece coerente e favorável é que também no Ensino Fundamental e Médio haja uma regularidade de tempos, ainda que curtos, para os sujeitos se expressarem livremente, exercitando novas formas de linguagem e interação social.

Basta observarmos os recreios dos alunos mais velhos para comprovarmos que muitos se engajam em brincadeiras iniciadas apenas com uma embalagem ou uma bola de papel. E, não raro, nesses momentos, são interrompidos pelos inspetores: “Parem com isso! Alguém pode se machucar e vocês não são mais crianças!”. No entanto, mais do que assegurar essas possibilidades nos intervalos, a proposta é ampliar esses momentos. Os pesquisadores afirmam que também os adultos tenham minutos diários reservados para atividades que nos causem prazer – o que é um desafio para nossas agendas! Já não é bom, simplesmente, assistir às cenas protagonizadas pelos nossos bichos de estimação? Aproveite, então, para entrar na brincadeira deles!

O alerta, portanto, se estende às famílias que devem deixar seus filhos serem crianças e brincar. Aliás, a brincadeira está presente em todo o processo evolutivo do homem e, por isso, o fato de uma criança não brincar,pode ser um forte indício de que ela esteja sendo vítima de abuso e maus-tratos. Por isso, nosso olhar atento e pesquisador é sempre de grande auxílio!

O neurocientista norte-americano Sergio Pellis, da Universidade de Lethbridge, enfatiza a necessidade de adultos que não brincaram na infância revisarem esse comportamento: “Curiosidade e imaginação são como músculos: se você não usá-las, vai perdê-las”.

Colegas, com este post me despeço de vocês! Mas não sem antes agradecer a parceria e o acolhimento que tiveram com nossas reflexões! O site da GESTÃO ESCOLAR está passando por mudanças e, com isso, nossos encontros semanais serão revistos para outras propostas de interação. De qualquer maneira, nosso compromisso comum – uma Educação voltada à formação de seres humanos mais justos, respeitosos e engajados com o coletivo – certamente fará com que nos encontremos novamente!

Cumprimentos mineiros e até a próxima!

Flávia Vivaldi