Um dos grandes desafios brasileiros é o combate à evasão escolar, que ocorre em todos os ciclos da Educação Básica, principalmente nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. A evasão pode ter diversas motivações, às vezes ligadas a fatores econômicos e sociais, outras ligadas ao próprio sistema educacional. Mas será que nós, coordenadores, podemos fazer algo para colaborar na solução do problema?
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9294/96) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um número elevado de faltas sem justificativa e a evasão escolar ferem o direito à Educação. Neste sentido, cabe à instituição escolar valer-se de todos os recursos para garantir a permanência dos alunos. A legislação prevê, ainda, que esgotados todos os recursos, a escola deve informar o Conselho Tutelar do município sobre os casos para que o órgão tome as medidas cabíveis.
Na escola em que trabalho, não há muitos casos de abandono nos primeiros anos do Fundamental, mas muitos dos nossos alunos não frequentam as aulas regularmente. Quando cobrados, os pais alegam, na maioria das vezes, problemas financeiros, falta de interesse, doenças e dificuldades de aprendizagem dos filhos para justificar a pouca assiduidade.
Antes de qualquer ação específica, é preciso que o coordenador trabalhe para assegurar as condições de ensino e aprendizagem, que é o melhor caminho para manter as turmas motivadas. Mas quando, mesmo assim, a criança não aparece, outras ações mais pontuais se fazem necessárias. Incluir o assunto na pauta de planejamento no início do ano letivo é um primeiro passo que considero extremamente importante. A partir disso, outras medidas são necessárias. Vejamos as principais, que você pode adotar em sua escola:
- Acompanhamento da frequência dos alunos: ele deve ser parte do projeto político-pedagógico (PPP) e uma constante nas reuniões pedagógicas com os professores. Oriente a equipe docente a fazer chamada diariamente, o que não é útil apenas para um melhor controle de presença, mas também ajuda a criar um vínculo com as turmas.
- Organização de estratégias para motivar os alunos: a desmotivação para o aprendizado desestimula a frequência. Por isso, promova iniciativas, como grupos de apoio extraclasse ou reagrupamentos produtivos, que mostrem aos alunos que eles são capazes de aprender. Muitas vezes, dependendo da proporção de estudantes desmotivados numa turma, o coordenador pode auxiliar o professor a rever suas estratégias. Esse tipo de intervenção deve ser, inclusive, um tema de formação da equipe.
- Incentivo à participação dos responsáveis na vida escolar dos filhos: alunos que possuem o acompanhamento próximo da família sentem-se mais motivados. Cabe a nós, coordenadores, orientar os pais sobre como eles podem participar mais da rotina escolar dos filhos. Realizar reuniões e encontros periódicos, comunicando as ações da escola e os conteúdos que serão trabalhados ajuda a estabelecer a parceria necessária com a família.
- Revisão das práticas punitivas: para manter na escola um aluno que corre o risco de evadir, acolher, dialogar e replanejar a rotina são estratégias muito mais eficazes que a punição.
- Revisão do currículo, sobretudo em classes em que a evasão é maior: o PPP precisa garantir que a escola não seja vista como uma obrigação, mas como um espaço de formação para a vida. Muitas vezes, a evasão pode ter sua origem em problemas pedagógicos. Algumas crianças deixam os estudos por apresentarem um desempenho ruim, ou terem sido reprovadas várias vezes. Outras abandonam por não se sentirem desafiadas e estimuladas.
Todas essas intervenções devem ser feitas o ano inteiro, e a parceria entre a direção e a coordenação é essencial. Só com a união dos gestores e da equipe docente é possível desenvolver ações sistemáticas para enfrentar a evasão escolar.
E a sua escola, apresenta esse problema, infelizmente tão comum em nosso país? Quais ações são desenvolvidas para evitar que os alunos desistam dos estudos? Conte a sua experiência!
Até a próxima quinta-feira!
Abraços, Eduarda