Um dos recursos mais valiosos que o coordenador pedagógico pode utilizar no processo de formação continuada é a observação de sala de aula. Assistir à interação entre professor e alunos no momento em que ela acontece é uma excelente maneira de coletar dados reais e, a partir deles, ter subsídios para discutir com o docente as possibilidades de intervenção. Para o coordenador, é também ocasião para verificar se a formação oferecida tem impactado efetivamente no dia-a-dia da escola e corrigir falhas.
O problema é que nem sempre o professor se sente confortável com a presença do coordenador dentro da sala. Em muitos casos, o profissional se sente “fiscalizado pelo chefe”, o que pode criar situações de insegurança que atrapalham o andamento da aula e contaminam a avaliação, cujos objetivos devem ser estritamente formativos e pedagógicos.
Esse desconforto é fruto, principalmente, da ausência de clareza sobre o que será observado e das reais motivações da observação. Por isso, o coordenador precisa adotar uma posição de colaborador, e não de fiscal, junto ao docente.
Gostaria de compartilhar com você uma observação que realizei na escola em que atuo, como parte de uma formação sobre cálculo mental. A ideia era pensar em como o professor pode propor exercícios matemáticos e como deve agir quando as crianças apresentam dúvidas.
A professora Edna das Graças Miranda, do 5º ano, foi a escolhida. Juntas, Edna e eu desenvolvemos duas atividades sobre frações, em que os alunos deveriam lidar com divisões e multiplicações.
Antes da observação, organizei uma pauta com três tópicos para orientar meu olhar sobre a ação da professora:
- Qual foi a atividade proposta aos alunos?
- Como a professora colocou o problema para os alunos? Quais comentários feitos por ela considero positivos e quais podem ser melhorados?
- Como a professora atuou em relação às dúvidas da turma? Relatar uma atitude da docente que considerei positiva a esse respeito e registrar os motivos da escolha.
Você baixar essa pauta aqui e utilizá-la nas suas próprias observações.
Para ganhar a confiança da professora, mostrei a ela a minha pauta de observação, procurando tranquilizá-la. Outra ação importante foi repassar as etapas da atividade, antecipando os objetivos de cada uma delas, a consigna, as intervenções possíveis, a socialização com as crianças, o tempo gasto para cada exercício, o material a ser utilizado, a atuação da professora e o meu papel durante a aula.
No dia da observação, escolhi um local discreto, no fundo da sala, de forma que a minha presença interferisse o menos possível no ambiente. Ao acompanhar o desenrolar das atividades, só fiz registros dentro do que foi estritamente combinado. Para agilizar as anotações e não perder nenhum detalhe, costumo anotar tudo em tópicos.
Só após a observação fiz meu registro reflexivo: retomei as anotações e selecionei as questões mais relevantes para discutir com a professora. Além de chamar a atenção para o que precisa ser melhorado, é muito importante ressaltar o que houve de positivo, inclusive como forma de reconhecimento e motivação. Para ver e baixar o registro que elaborei, clique aqui.
Por fim, marquei um encontro com a professora Edna para a devolutiva. Comecei ouvindo as impressões da própria docente sobre a aula. E, para guiar essa conversa, elaborei perguntas que ajudaram a esmiuçar detalhes da aula observada e verificar o que precisaria ser feito para dar continuidade à sequência proposta.
Não foi este o caso, mas em algumas oportunidades, além da conversa, gosto de fazer uma sugestão de leitura que traga embasamento teórico relacionado à prática observada. Isso ajuda a aprofundar o assunto e enfatiza o caráter formativo do processo.
E você, coordenador, considera a prática de observação como uma boa estratégia? Como conduz esse momento junto do professor?
Um abraço,
Eduarda