Como reformulei o pátio da escola e mudei o recreio
Transformar o pátio em um espaço cheio de intervenções e lúdico não precisa custar caro: basta usar soluções criativas
POR: Eduarda Diniz MayrinkJá tem um bom tempo que estou refletindo com minha equipe sobre a importância do brincar na infância e o espaço adequado para os alunos fazerem isso. Então, convidei o grupo de professores e toda a equipe de funcionários para observar o ambiente e como ele é utilizado pelas crianças.
Começamos a ver e registrar como elas utilizavam o pátio e o que acontecia nos momentos livres, em que não há uma orientação direta do professor. Notei que as brincadeiras estavam associadas à necessidade da criança extravasar as energias contidas ou descansar do trabalho pedagógico. Ou seja, a utilização do espaço externo acontecia à margem do processo educacional e por isso não exigia um planejamento de ações, mas somente um controle de segurança e da disciplina. Nos momentos livres, as turmas corriam, pulavam ou ficavam ociosas, sem ter muito com o que interagir.
Decidi, então, transformar o pátio em um espaço cheio de intervenções, lúdico e com soluções criativas e de baixo custo. Perguntei para os próprios alunos: o que poderíamos ter ali para eles brincarem?
Com base nisso, planejamos ambientes adequados às necessidades e interesses, transformando o espaço por meio de materiais criativos, simples e de baixo custo, como tecidos, cabanas de panos, cordas, balões, pneus, pinturas e brinquedos, que podem criar surpresas, desafios e brincadeiras variadas. Também nos serviram caixas de papelão, tecidos de diferentes texturas, elásticos, colchonetes, pedaços de madeira, fantasias, pedaços de bambu, cabos de vassoura, baldes e bolinhas de papel.
No momento de montar a estrutura, socializamos nossa proposta com os alunos do Ensino Fundamental II, que se envolveram na organização do espaço. Para nossa surpresa, o processo todo foi um sucesso, tanto na mão de obra e organização, quanto no uso pelas crianças, que se encantaram, exploraram o espaço, brincaram, interagiram com os colegas e começaram a construir comportamentos em função dos materiais oferecidos. Elas começaram a ter liberdade e iniciativa para construir sua autonomia de escolher com o que queriam brincar. Assim, pararam de correr e brigar.
Com esta experiência, pude juntar algumas dicas, que gostaria de compartilhar com quem tem interesse em fazer um procedimento semelhante na própria escola:
1- Observar o espaço externo e como as crianças interagem nele.
2 – Investigar como é a percepção do espaço do ponto de vista das crianças, dos educadores, dos pais e dos funcionários.
3 – Propor que as crianças, os pais, os educadores e os funcionários deem sugestões de intervenção no ambiente com materiais acessíveis e de baixo custo.
4 – Montar um esboço do planejamento com as várias intervenções selecionadas pelo grupo e pensar em parcerias na própria escola para organizá-lo: alunos de outras séries, merendeiras, bibliotecários, auxiliares etc.
5 – Pesquisar, junto à comunidade, as possibilidades de materiais e a melhor forma de viabilizá-los;
6 – Construir a intervenção, convidando pais, educadores, crianças, alunos e funcionários da instituição a se envolver na proposta de melhorias no espaço.
7 – Registrar todas as etapas do trabalho e avaliar as modificações realizadas.
Ideias simples são capazes de transformar um espaço sem vida em um local repleto de estímulos para brincadeiras tradicionais e de faz-de-conta, desafios de movimento e descobertas sensoriais. Analisar e planejar intervenções no ambiente mudou nosso recreio!
E vocês, coordenadores, já observaram o pátio da sua escola? Que possibilidades podem acrescentar e realizar no espaço de vocês?
Abraços e até semana que vem.
Eduarda
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