Incluir para aprender
Escola gaúcha vive constante reflexão para garantir a aprendizagem de todos
POR: Beatriz Vichessi, Karina Padial, Gustavo HeidrichMatrícula: 941 alunos no Fundamental e Médio
Ideb: Anos iniciais: 6,3 / Meta: 6,6 | Anos finais: 3,5 / Meta: 5,6
Fonte: QEDU
Como qualquer outro aluno, quem tem deficiência e estuda na EE Coronel Pilar (na imagem ao lado, alunos com deficiência recebem apoio personalizado) participa da Prova Brasil. A escola de Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul, é referência no município quando o assunto é inclusão. “O Ideb é importante, mas não é a única meta que queremos atingir, porque nosso foco é a aprendizagem de cada aluno de acordo com suas possibilidades”, diz Maria Jozayne Canneda, supervisora-geral.
Atualmente com cerca de mil estudantes matriculados do Ensino Fundamental ao Médio, a Coronel Pilar tem 69 alunos com deficiência, altas habilidades e de espectro autista, o que representa, aproximadamente, 7% do total.
Rafaela Zaremski, 12 anos, está no 7º ano e estuda na mesma sala que Henrique de Castro Müller, de 21 anos, que tem Síndrome de Down. “Ele é meu amigo como os demais e não atrapalha porque tem deficiência. Se atrapalha, é como qualquer um de nós. Entendemos que às vezes ele precisa de mais atenção dos professores.”
Para a mãe da aluna, Melissa Zaremski, membro do Conselho de Pais e Mestres, a qualidade do ensino e da convivência e o clima de diversidade oferecidos pela escola superam os de muitas em Santa Maria, inclusive particulares – tanto que a filha mais velha antes estudava em uma. “Falo como membro ativo da comunidade escolar: a Pilar não é um depósito de crianças com deficiência, como sabemos que existem por aí. Elas participam das aulas e do dia a dia da escola.”
Em época de Prova Brasil, é explicado aos avaliadores externos que alguns dos alunos incluídos fazem as avaliações internas com mediação pedagógica. “Assim, esperamos a compreensão deles de que isso também é necessário para as avaliações externas, entre outras flexibilizações, como tempo maior para responderem a prova”, diz Tânia de Azevedo, pedagoga e profissional de Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Integração e pesquisa
A chave para o desenvolvimento e aprendizagem de todos é a integração do trabalho entre os profissionais de AEE com os professores das salas regulares, segundo Tânia. “Planejamos as atividades em conjunto, damos apoio para os alunos em sala e no contraturno.” Outro ponto positivo para o cenário inclusivo é que a escola é um ambiente de pesquisa sobre Educação Inclusiva da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Graças a isso, ela se beneficia com observações, reflexões e propostas dos pesquisadores, como se estivesse em constante formação continuada.
Dos seis profissionais de AEE, um deles, Bernadete Viero, atua na chamada sala especial, que reúne exclusivamente 13 alunos com deficiência. Eles não participam da Prova Brasil nem em classes regulares por dois motivos. O primeiro é que alguns precisam de um tempo de adaptação para ter condições de acompanhar os colegas – como Leonardo da Costa da Silva, 9 anos. Autista, ele ficou dois anos com Bernadete até estar semialfabetizado e mais adaptado à rotina. No início do ano letivo, passou para a classe regular do 1º ano.
O segundo motivo que ainda sustenta a existência da classe especial é a presença de estudantes que, segundo a diretora Eli, não têm condições de acompanhar as aulas ou são muito mais velhos – como Jéssica Rodrigues Lunardi, 25 anos, que tem paralisia cerebral. “Ela está há mais de dez anos na sala especial e já progrediu muito. Mas seria difícil para ela se adaptar a uma sala regular porque às vezes parece uma adolescente e às vezes uma criança de 3 anos”, conta Inês Rodrigues, mãe da aluna. De acordo com Bernadete, a sala especial será extinta devido a ordens da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul.
(Crédito: Marcelo Curia)
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