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O que fazer quando as crianças brigam?

Conheça a melhor abordagem para cada idade

POR:
Telma Vinha
Crédito: Shutterstock

Por que as crianças brigam? É normal brigarem tanto? Os motivos das desavenças mudam conforme elas crescem? Compreender os conflitos nas diferentes faixas etárias é importante para fazer intervenções que auxiliem os alunos a construir recursos para lidar melhor com eles.

Na Educação Infantil, é normal acontecerem de seis a oito desentendimentos por hora! Em suas investigações, Livia Ferreira da Silva, pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem) da Unesp e da Unicamp, detectou que a principal causa entre os alunos dessa etapa é a disputa por objetos e espaços. Assim, teimam por um brinquedo, mesmo tendo outros à disposição. Eles também competem para ser o primeiro da fila, para sentar ao lado da professora e em várias outras situações rotineiras.

A criança pequena está iniciando a socialização e não desenvolveu a noção de propriedade e o significado de emprestar. Ela ainda tem dificuldades em cooperar, compartilhar e coordenar seu desejo com o do colega. Nessa idade, as intervenções devem ajudá-la a lidar com o que pertence a ela e ao outro. Ela precisa aprender a falar o que deseja e sente para o coleguinha. Como isso é difícil, no início pode-se dizer no ouvido dela para que repita. O professor também deve orientá-la na busca de soluções.

A partir dos 8 ou 9 anos, a causa mais frequente das brigas é a provocação, que se caracteriza pela ambiguidade, pois ao mesmo tempo estão presentes o humor e a hostilidade. Um exemplo é quando um aluno diz para um colega que está queimado de sol: “Você veio fantasiado de tomate?”. A provocação diverte o autor e os espectadores e irrita o alvo. Quando ela é constante, exige tanto intervenções individuais quanto coletivas. Nas individuais, o professor deve refletir com o provocador que ele, ao se divertir, desequilibra a turma. Nas conversas em grupo, pode-se debater a provocação, os papéis e sentimentos, apresentando vídeos ou situações hipotéticas.

A segunda causa frequente de conflitos nessa idade é a “reação ao comportamento perturbador”, que ocorre quando os atos de um colega causam uma reação irrefletida e hostil. Por exemplo, um garoto entra sem querer na frente da televisão e os que estão assistindo gritam: “Você não é invisível, seu idiota!”. Até cerca de 9 anos, as crianças têm dificuldade em avaliar uma situação do ponto de vista do outro. Nesses casos, vale trabalhar o controle dos impulsos e a necessidade de levar em conta a intenção do colega, assim como a polidez nas relações. Intervenções e situações didáticas bem planejadas ajudam os alunos a lidar com as desavenças, tomando consciência dos sentimentos envolvidos e pensando novas formas de resolvê-las. Dessa maneira, os professores semeiam as bases para a convivência positiva.

TELMA VINHA é professora de Psicologia Educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Colaborou LIVIA FERREIRA DA SILVA, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Unesp/Unicamp).