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Aumentam casos da gripe A em escolas de São Paulo. Saiba como prevenir seus alunos

Conhecimento sobre prevenção, tratamento e vacinas são importantes para garantir a saúde da equipe e das crianças

POR:
Anna Rachel Ferreira, Caroline Monteiro
Imagem: Getty Images

Normalmente, os casos de gripe são mais comuns no inverno. Em temperaturas mais baixas, o vírus se reproduz mais rapidamente e as pessoas costumam ficar em ambientes fechados e sem ventilação, o que favorece a disseminação do vírus. Neste ano, porém, algumas escolas têm registrado surtos de gripe A em um período em que o número de casos costuma ser mais baixo.

Não dá para falar de epidemia, porque é um número pequeno de casos, mas o crescimento é superior ao que se costuma observar nessa época do ano. “A gente percebeu um aumento de crianças com o vírus Influenza A no nosso pronto socorro, e até algumas internações”, diz o médico infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira Jr. do Hospital Infantil Sabará, na capital paulista. “Normalmente, por volta de julho e agosto já não tem mais tantos casos. Mas, desde setembro, voltou a aumentar. Não com a intensidade que estava no primeiro semestre, mas acima do que é esperado”, explica o médico.

Não é possível determinar um motivo para esse surto, mas é importante ficar atento aos sintomas, ao número de casos dentro da escola e às medidas preventivas. Veja a seguir as principais perguntas sobre a gripe A.

Quais são os principais sintomas?

Tosse, espirro, coriza, dores muscular, de cabeça ou de garganta, fadiga, falta de apetite e febre são comuns em pacientes com gripe A. Em alguns casos, podem ocorrer vômitos e diarreia. Em geral, o que diferencia essa doença de um resfriado comum é a intensidade dos sinais. Nesse sentido, a febre é um fator bem importante de se observar. Caso ela surja, é recomendável procurar um médico.

O que fazer se  alguém apresentar sintomas de gripe?

Afastar tanto alunos quanto professores e funcionários que adoecerem é a recomendação do Ministério da Saúde. No caso de suspeita de influenza, eles devem ficar fora por pelo menos 48 horas. O retorno deve ocorrer apenas se a pessoa estiver clinicamente estável, sem uso de antitérmico e sem febre por 24 horas. Se o diagnóstico for comprovado, o afastamento deve ser de 7 a 10 dias, tempo de transmissão do vírus. É importante não permitir que crianças ou adolescentes fiquem na escola mesmo quando o pedido for dos pais, que muitas vezes trabalham e não têm com quem deixar os filhos. O diálogo e os esclarecimentos são essenciais para que as pessoas diagnosticadas só retornem depois de se recuperar. 

Quando e como comunicar os pais sobre os casos  da doença?

A comunicação deve ser feita de forma a educar para os procedimentos a ser adotados. "Não precisamos apontar cada caso que aparecer", opina a médica sanitarista Ana Freitas Ribeiro, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Mas é essencial que os responsáveis saibam se houve ou não casos na escola e sejam informados sobre as orientações de higiene e afastamento adotadas na instituição e também sobre a vacinação disponível para seus filhos. Para comunicar, os gestores podem usar os diversos meios disponíveis, como e-mail e informativos impressos entregues pessoalmente ou colocados no mural da escola. O importante é garantir a leitura por parte dos responsáveis e se colocar à disposição para dúvidas.

Como fazer a higiene pessoal?

O vírus da gripe é transmitido pelas secreções liberadas quando o doente tosse, fala ou espirra. Mas, além do contato direto, há a possibilidade de ser contaminado ao tocar superfícies infectadas, como corrimãos ou mesas. O segredo é lavar bem as mãos. Pela facilidade de acesso, o álcool gel é uma boa opção. "Você diminui as possibilidades de contato porque a pessoa não precisa ir ao banheiro, mexer na maçaneta e na torneira para fazer sua higiene", afirma o pediatra Victor. Quando assoar o nariz, use lenço de papel ou papel higiênico e, na sequência, jogue tudo no lixo. Vale também evitar tocar olhos, nariz e boca. Com os menores, a recomendação é para o educador sempre lavar as mãos das crianças – para os maiores, mesmo na creche, é importante mostrar. "Saber cuidar do próprio corpo, do amigo e do ambiente é conteúdo curricular e a escola tem o dever de ensinar aos pequenos", diz Damaris Gomes Maranhão, enfermeira e formadora do Instituto Avisa Lá. 

Quais os cuidados com o ambiente escolar?

A escola é um local com grande circulação de pessoas e, por essa razão, necessita de limpeza frequente com produtos antissépticos – ao menos uma vez por dia ou por turno. Superfícies de contato como computadores, maçanetas, corrimãos, bebedouros, torneiras, bancadas ou mesas de refeição exigem atenção. Em creches, o cuidado é redobrado. "Os pequenos ainda não conseguem fazer sua higiene adequadamente. Então, os adultos devem fazê-la por eles”, reforça Damaris. Com os brinquedos, a higienização precisa ocorrer, no mínimo, uma vez por dia. O ideal, porém, é realizar sempre que uma nova turma for usar os mesmos objetos ou quando se verificar o manuseio por alguma criança suspeita de estar infectada. O produto mais adequado para limpar é o álcool 70%. É importante também deixar portas e janelas abertas para facilitar a renovação do ar nas salas, bibliotecas. O ar condicionado é contraindicado, já que, além de expor alunos e funcionários a temperaturas baixas, pressupõe o fechamento de portas e janelas.

Toda gripe A é causada pelo vírus H1N1, que ficou famoso em 2009?

Não. Quando se fala de gripes ou de infecção pelo vírus Influenza, existem pelo menos três tipos que causam a doença em humanos: o A, o B e o C. Os mais importantes, que merecem mais atenção, são o A e o B. O C é o menos importante, pois só há registro de casos isolados, sem o aparecimento de surtos ou epidemias.

Há tipos diferentes de vírus A e B. A Influenza A pode se manifestar, principalmente, pelo H1N1 e pelo H3N2. Este ano, o H1N1 – responsável pela epidemia de 2009 – tem circulado com menos intensidade (menos de 3% dos casos registrados pelo Ministério da Saúde em 2017, segundo a médica Ana Freitas, do Emílio Ribas). Ou seja, a gripe A mais comum tem sido a H3N2 (69% dos casos).

Clinicamente, apenas com análise de sintomas, não é possível saber se a gripe é de um tipo ou de outro. Para isso, é preciso um exame específico, que não está disponível em todos os hospitais. Se a pessoa apresenta os sintomas, ela já pode receber tratamento, que, em geral, é o mesmo para os dois casos. Normalmente, quem faz a análise do tipo de vírus é a Vigilância Sanitária, que faz sentinelas semanais nos hospitais, coletando amostras do vírus para controle e registro da predominância da doença.  

Por que algumas pessoas que já foram vacinadas acabam pegando a gripe novamente?

A vacina trivalente – gratuita no SUS para os grupos prioritários – protege contra três tipos de vírus, dois Influenza A (H1N1 e H3N2) e um tipo de vírus Influenza B. A vacina quadrivalente – encontrada no sistema privado – protege contra os mesmos três vírus e mais uma variação do vírus Influenza B.

Imagem: Getty Images

Acontece que, todo ano, com base nas sentinelas e análises feita nos hospitais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) escolhe quais são os vírus que estarão presentes na vacinação do próximo ano. Segundo Francisco, médico do Hospital Sabará, a reunião para a vacina de 2018 já foi realizada em setembro. Então, a Anvisa já determinou quais serão os três tipos de vírus que serão utilizados na campanha do ano que vem, que podem ser os mesmos de 2017 ou não. Ou seja, é uma previsão com base nos últimos casos.

É também por esse motivo que uma pessoa que já tomou a vacina pode ser contaminada novamente – porque às vezes a doença está sendo causada por um vírus diferente daquele contra o qual ela está imunizada. Além disso, a imunidade promovida pela vacina tem duração de cerca de um ano. Então, espera-se que quem tomou a vacina em fevereiro ainda esteja protegido, mas não há garantia.

Quem não tomou a vacina na última campanha de vacinação pode tomar agora?

Sim, a vacina ainda está disponível. Basta conferir se o posto de saúde mais próximo da residência tem estoque. Para isso, é preciso ser do grupo considerado prioritário: crianças de seis meses a menores de cinco anos; pessoas com 60 anos ou mais; trabalhadores de saúde; povos indígenas; gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto); população privada de liberdade; funcionários do sistema prisional, pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis ou com outras condições clínicas especiais e professores (novidade a partir de 2017). É importante lembrar que quem tomar a vacina agora deve se vacinar novamente na campanha do ano que vem.

Dá para vacinar na escola?

A instituição de ensino não é o ambiente mais adequado para isso, mas tem a facilidade de ter um público-alvo reunido num mesmo local. Se a decisão for por promover a vacinação, a equipe gestora precisa entrar em contato com uma clínica particular devidamente liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e comprar a quantidade necessária de frascos. No dia da aplicação, separe e esterilize uma sala para esse procedimento. Somente profissionais habilitados – no caso, enfermeiros – poderão vacinar alunos e funcionários. O fornecimento só é gratuito para os grupos de risco, diretamente nos postos da rede pública de saúde.

É possível medicar alunos com sintomas?

A orientação depende de decisão dos conselhos estaduais e municipais de Educação. Mas, em geral, mesmo em caso de emergência, ministrar ou não qualquer tipo de remédio vai depender do que os responsáveis pela criança ou adolescente autorizam. A sugestão é fazer com que essa informação, bem como a indicação sobre eventuais alergias, conste na ficha de matrícula de cada estudante. De qualquer maneira, a principal recomendação para lidar com pessoas sintomáticas é, em caso de febre alta, avisar os pais e orientá-los a procurar um médico. É ele quem saberá se é necessário prescrever um antiviral ou apenas um antitérmico.

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