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Como estruturar um bom projeto de parceria

Saiba qual é o melhor formato para cada instituição e quais informações são relevantes para constar no documento

POR:
Giovanna Diniz
Crédito: Getty Images

A principal meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é a garantia de acesso universal de crianças e jovens à Educação de qualidade, unindo escola, comunidade e sociedade na transformação de futuros cidadãos.  Para poder alcançar esse objetivo, a escola pode se fortalecer por meio de parcerias com outras instituições, sejam elas públicas ou privadas, organizações independentes ou comunitárias. As parcerias podem oferecer suporte para diferentes ações da instituição de ensino: aulas extracurriculares, formação de professores, práticas de inclusão de alunos com deficiência, atendimento psicológico, médico ou dentário, além de apoio financeiro para reformas e materiais utilizados pela escola. As opções são inúmeras, mas conseguir ajuda em muitos casos passa pela estruturação de um bom projeto para ser apresentado para instituições, comunidade ou mesmo outras áreas do setor público.

Diego Mahfouz, diretor da Escola Municipal Darcy Ribeiro, em Ribeirão Preto (SP), e Educador Nota 10 de 2015, ressalta que as parcerias também podem ajudar no fortalecimento da gestão democrática. “As comunidades interna e externa passam a participar com mais frequência de todas decisões escolares, da construção da proposta pedagógica, da identidade escolar, do protagonismo juvenil e do pertencimento de todos em relação à escola”, comenta o diretor.

Antes de escrever o projeto
Um projeto pode surgir após o diagnóstico de uma necessidade ou problema que a escola esteja enfrentando ou de ideias trazidas pela comunidade. Ao desdobrar a proposta para um plano de ação, é possível identificar atores dentro e fora da comunidade escolar que podem colaborar para a execução do projeto e se tornar parceiros na ação de acordo com a intenção e necessidade de cada instituição educacional. 

“Em primeiro lugar, é importante dimensionar o problema, a partir de dados objetivos para depois buscar informações sobre o tema a ser tratado e realizar um estudo coletivo sobre o conteúdo do projeto”, diz Cláudio Neto, diretor da EMEF Infante Dom Henrique, em São Paulo (SP). Para ele, a pesquisa de profundidade e o trabalho conjunto fazem toda diferença na hora de escrever um bom projeto.

Ao planejar um projeto, é necessário saber quais objetivos se pretende alcançar, definindo metas e estratégias para solucionar a situação-problema do projeto. Esse trabalho deve ser feito em conjunto com a comunidade escolar por meio de debates, rodas de conversas ou assembleias, mas é importante ter conhecimento da realidade da escola com dados concretos, ressalta Diego Mahfouz. A proposta pode ser embasada por dados de matrícula ou avaliações externas, por exemplo. Dependendo do foco do projeto, é possível aplicar questionários para coletar percepções e compreender o tamanho do problema.

“Com as respostas em mãos, você terá o conhecimento da realidade do ambiente, dos envolvidos, das expectativas, sonhos e as dificuldades encontradas até o momento”, diz o diretor. A partir dos dados, o gestor possui mais um recurso para auxiliá-lo na definição das metas e objetivos que a escola pretende alcançar com o projeto. “O projeto precisa ser simples e claro, ter objetivos gerais e específicos, atividades, indicadores que sejam mensuráveis, quem são os envolvidos, cronograma e, se for o caso, orçamento”, indica Paloma Mello, coordenadora de parcerias da ASSOCIAÇÃO NOVA ESCOLA. Antes de escrever o projeto, ela recomenda que o gestor reflita sobre quatro perguntas básicas:

1. Qual é o problema que a escola quer resolver?
2. Como a escola está hoje em relação à situação que pretende resolver?
3. Onde se quer chegar?
4. Como chegar lá? 

A escrita do projeto
Depois de levantar dados da escola e definir objetivos para a futura parceria, chegou a hora de estruturar o projeto em si. Tenha em mente que o mais importante é mostrar a realidade da escola (indicadores sobre o número de alunos, comunidade e infraestrutura) e os problemas a serem solucionados. “É importante ser transparente com relação às informações, levar a realidade para a mesa de negociação e abrir o potencial de transformação que ela tem”, comenta Paloma.

A estrutura do projeto deve conter uma introdução que contextualize qual é a situação ou problema que motiva a criação do projeto e apresente os dados relacionados ao problema que a escola pretende atacar com aquela parceria. Essa parte também deve destacar os dados mais importantes para a parceria, como indicadores socioeconômicos, número de matrículas, taxa de distorção idade-série, evasão, perfil da comunidade escolar e dados de infraestrutura. Dados que corroborem para o embasamento do tópico do projeto são de extrema relevância na hora da instituição parceira tomar a decisão de investir ou não no projeto.

“A clareza é algo crucial e determinante do sucesso do projeto e o gestor deve ter essa consciência, pois parcerias apoiam projetos que tenham credibilidade e que busquem o sucesso coletivo”, diz Diego, diretor da Escola Municipal Darcy Ribeiro. As informações de interesse público podem aparecer nesse momento, mas dados confidenciais de alunos e professores não devem ser informados.

Depois de apresentar o contexto, é hora de detalhar no que consiste o projeto e como o parceiro pode ajudar.  Explique a proposta da parceria. Essa etapa precisa conter respostas que contemplem as principais perguntas sobre a ideia e execução da proposta: quais são os objetivos do projeto? Quais são as ações propostas? O que é necessário para que elas se realizem? Como o parceiro poderia ajudar no projeto? Quando tempo é necessário para realizar as ações? Qual é o planejamento para colocar o projeto de pé?  Qual é o resultado esperado ao fim da execução do projeto? Se for um projeto permanente, qual é a expectativa de apoio que desejam do parceiro?

Nessa parte, é importante mostrar como a parceria irá ajudar a escola e os benefícios que ela traz para alunos, professores e outros atores da comunidade escolar. Não se esqueça de apresentar também as opções de como a empresa ou instituição pode ajudar na parceria –  seja com doação de materiais, verbas ou suporte para alguma atividade que a escola queira realizar.

RESUMINDO...

Pontos importantes para estar no seu projeto:

1) situação-problema que motivou a ideia do projeto;
2) dados que contextualizem a situação-problema e dados sobre o perfil da comunidade escolar;
3) objetivos do projeto;
4) ações propostas;
5) objetivos da parceria e detalhamento da proposta de participação do parceiro;
6) impacto esperado da participação do parceiro e do projeto como um todo;
7) planejamento da execução do projeto; e
8) contrapartidas para o parceiro (se houver).

Durante o processo de pesquisa e elaboração do projeto, quando forem avaliados problemas e metas definidas pela comunidade escolar, já é possível mapear as parcerias desejadas. Um mesmo projeto pode ser adaptado para diferentes parceiros.  De acordo com o foco de atuação da instituição ou indivíduo, o projeto pode dar ênfase nas informações mais relevantes do ponto de vista do parceiro em prospecção.

É importante estar atento ao que é definido no documento, como prazos e os resultados que se pretende alcançar. “A escola não pode prometer aquilo que não se pode honrar e deixar de cumprir prazos”, atenta o diretor Cláudio Neto.

E depois de escrever o projeto?
Com o projeto em mãos e depois de escolhida a parceria, é hora de abordar o parceiro e contar para ele do que se trata o seu projeto e como o auxílio dele poderia colaborar para transformar esse cenário. Uma vez iniciada a parceria,  é essencial ao longo da realização do projeto dar a devolutiva dos resultados ou do andamento das atividades desenvolvidas. Para a coordenadora de projetos da ASSOCIAÇÃO NOVA ESCOLA, a prática é a chave para um bom relacionamento entre instituição parceira e escola. “A devolutiva é muito importante, pois auxilia os envolvidos a acompanharem as entregas e até identificarem novas oportunidades de parcerias”, enfatiza Paloma. E o diretor Cláudio lembra: “é preciso considerar o parceiro na hora de divulgar os resultados obtidos na parceria”.