O que é e para que serve o portfólio pedagógico
Como uma ferramenta para o coordenador acompanhar o trabalho docente, o portfólio deve ser preparado em conjunto com os professores
POR: Daniel SantosComo em um diário, o portfólio pedagógico, ou registro da avaliação de desempenho, é instrumento de apontamentos sobre as atividades realizadas em classe pelo docente. Quando bem estruturado, o material ajuda o professor na análise mais assertiva do desempenho dos alunos e das dificuldades encontradas em sala. Para o coordenador, o documento auxilia em uma observação mais ampla do trabalho do professor, trazendo elementos do trabalho em sala para orientar as formações continuadas e o aprimoramento da prática pedagógica no dia a dia. “É um instrumento essencial para o planejamento pedagógico. A partir do conhecimento sobre o que os alunos sabem ou não, é possível planejar uma proposta de ensino de maior qualidade, mais bem ajustada às necessidades do aluno e potencialidades do professor”, explica Rosaura Soligo, doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora de Projetos do Instituto Abaporu.
No portfólio constam informações significativas sobre os alunos e, também, sobre o trabalho desenvolvido pelo docente. Entre os registros que devem constar no documento, estão aqueles que indicam o nível de aprendizagem dos alunos diante da proposta de ensino apresentada, indica Rosaura. Para ela, os comentários reflexivos do professor sobre o desempenho de cada aluno são importantes e devem estar no material. “Eles são fundamentais porque podem subsidiar o planejamento das propostas, além de permitir a análise comparativa do quanto os alunos aprenderam num determinado período”, explica.
Assim como o aluno, o professor também tem seu portfólio. Nele, estão informações mais completas sobre a prática pedagógica, como dados do plano executado e as percepções do docente acerca do desenvolvimento do trabalho. Janaína Efigênia de Sousa, pedagoga e coordenadora de projetos da Elos Educacional, aponta registros que devem constar no portfólio:
Dados iniciais: elucidam o contexto antes do início de um plano de ação
Dados intermediários: registram se o trabalho está produzindo resultados esperados
Dados finais: apresentam se houve alcance ou não dos objetivos do plano de ação
“É uma ferramenta indispensável para analisar o desempenho dos alunos ou grupo e, também, as facilidades e dificuldades de ensino dos professores”, explica Janaína. Ela considera fundamental que o registro contemple além das descrições, reflexões sobre o processo de ensino e aprendizagem, destacando fatores internos e externos que auxiliaram ou atrapalharam no processo e o que poderia ser feito de diferente para atingir os objetivos de aprendizagem.
Como fortalecer o papel do portfólio: ação em parceria
Coordenadores e professores devem decidir juntos quais informações serão registradas no portfólio, como esse trabalho será feito e com que frequência. De acordo Janaína, dessa forma o documento terá significado para todos, além de reforçar a responsabilidade que têm na melhoria do processo de pedagógico.
O trabalho em conjunto auxilia também na construção de um plano de ação mais ajustado às demandas de aprendizagem. Assim que forem definidos os pontos de registro da avaliação, é papel do coordenador acompanhar o trabalho realizado e auxiliar o professor no seu desenvolvimento enquanto profissional.
A intervenção do coordenador, a partir da análise do material, deve ser feita com reflexão de ambas as partes. De acordo com Fabiane Lopes de Oliveira, professora de pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), o portfólio é um documento de suporte, que traz informações relevante para, por exemplo, a organização de grupos de estudo focados na solução de lacunas identificadas na prática de sala de aula. Fabiane, entretanto, atenta que o registro não deve servir como uma forma de punição do docente, sem um caráter pedagógico. “Se for utilizado desta forma, perde todo o sentido de sua proposta: autoavaliação e identificação de carências na formação e na prática em sala”, pondera.
Como usar na prática
Após a análise do conteúdo registrado, o coordenador deve organizar as informações coletadas identificando as lacunas de formação da equipe e estabelecendo prioridades. A partir daí, deve auxiliar os professores que apresentem dificuldades ou dúvidas em relação ao plano de ação que o docente desenvolveu com a turma. A necessidade de formações coletivas, por exemplo, pode ser identificada com base no estudo desses portfólios.
A avaliação desses dados auxilia na construção coletiva de um plano de ação que atenda a todas as prioridades, de maneira global. “Se o coordenador percebe que há muitos alunos não alfabetizados fora do ciclo, pode criar um plano para intensificar a alfabetização dele. Ou, por exemplo, se a maioria dos professores relatam problemas disciplinares e/ou de bullying, pode propor ações para aprofundar os conhecimentos sobre o tema”, diz Janaína.
Para Fabiane, quando age assim, o coordenador insere o professor no processo pedagógico da escola. Não verticalizar as temáticas, mas propor temas horizontais, com problemas reais e soluções factíveis. “Essa é uma maneira inteligente de utilizar o portfólio em benefício das equipes, amenizando conflitos e ampliando parcerias”, diz.
Ao considerar as reflexões dos professores sobre elementos que colaboraram ou atrapalharam para o processo, o coordenador também pode mapear problemas como indisciplina, falta de engajamento ou clima escolar ruim e desenvolver um projeto institucional como encaminhamento.
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