BNCC: 10 ações para começar o ano discutindo o currículo da sua rede
Agora é o momento de auxiliar os professores a entender como levar esses documentos para a sala de aula
POR: Camila CecílioEm 2020 a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) passará a ser realidade nas salas de aula de todo o país. Ao considerar isso, as secretarias de Educação devem estar preparadas para uma série de diálogos com formadores, coordenadores, diretores e professores de escolas. O primeiro passo para isso, após levar em conta o referencial curricular, é apresentar para as escolas da rede as novas diretrizes, segundo João Paulo Cêpa, especialista em BNCC e Currículo e consultor pedagógico do Programa Formar, da Fundação Lemann.
Para ele, que por três anos coordenou a implementação da BNCC no Espírito Santo, trata-se de um desafio nacional, uma vez que a maioria das redes brasileiras vai colocar a Base em prática, de fato, em 2020. Por isso, diz, a apresentação dos currículos deve ser feita estrategicamente, com comunicação direta e sem ruídos. É fundamental que a secretaria e suas equipes técnicas destaquem no calendário momentos para aprofundar o documento e pontuar as novas indicações previstas nele. “Isso servirá para evitar que os professores façam mais do mesmo. É crucial que eles estejam apropriados dessas mudanças e dos desafios para eles e para os gestores”, afirma João Paulo. Para conduzir esse processo, é necessário que os profissionais das secretarias conheçam bem a BNCC e também os currículos estaduais e municipais que foram adaptados para se alinharem à ela.
Redatora do currículo paulista e especialista em coordenação pedagógica, Tamira Paula de Souza reforça que também é papel da equipe técnica fazer um diagnóstico das forças e fragilidades da rede e empenhar esforços formativos nas áreas em que se sentem mais fragilizados. “É importante que essas formações não comecem do marco zero, pois nenhuma rede está neste ponto, cada uma tem sua história e seu caminhar”, ressalta Tamira, que também é formadora de professores e gestores da Educação Infantil de São José dos Campos (SP).
Diante do desafio, é essencial elaborar um plano formativo, com um cronograma que estenda as discussões para além daquelas que começam no início do ano.“As equipes técnicas devem garantir discussões permanentes, afinal, esse é um trabalho de continuidade”, sustenta João Paulo.
Como se preparar para conduzir essa discussão
Agora é hora de avançar nos debates para auxiliar os professores a entenderem como efetivamente levar os currículos para a sala de aula. “Chegamos a uma etapa em que paramos de discutir sobre a BNCC e o que os alunos devem aprender. Isso tudo já foi definido. A riqueza da discussão agora está em como eles vão aprender”, afirma João Paulo. São conversas sobre estratégias, com debates pautados em três dimensões específicas do trabalho do docente: planejamento, ensino e avaliação. “O começo do ano letivo é a hora de reafirmar junto aos professores e gestores que os currículos precisam induzir mudanças de práticas. É um momento ímpar para gerar transformações de grande escala na maneira como o professor encara seu trabalho na escola”, completa.
Para ajudar as secretarias e suas equipes técnicas, os especialistas consultados por NOVA ESCOLA elencaram 10 dicas para começar 2020 dialogando com as unidades de ensino de sua rede. Confira a seguir.
1 – Faça um diagnóstico da rede frente às demandas da BNCC e do currículo estadual;
2 – Organize a implementação do currículo numa perspectiva formativa e contínua ao longo de todo o ano letivo. Para isso, a formação continuada também deve ser pensada e discutida;
3 - Use o início do ano letivo para apresentar o novo currículo e enfatizar as mudanças pedagógicas que ele traz para o professor;
4 - Alinhe os documentos curriculares da rede às premissas normativas da BNCC e do currículo estadual;
5 - Envolva todos os atores chave da escola (incluindo o diretor e o coordenador pedagógico) na implementação do currículo;
6 - Convide toda a comunidade de aprendizagem para participar desse movimento de implementação, de maneira que todos os atores (equipe técnica, gestores, professores, demais profissionais de educação, estudantes e famílias) se vejam representados e se engajem nas ações, implementando-as;
7 - Garanta momentos formativos na escola durante o ano letivo para que os professores estudem o novo currículo;
8 - Considere a educação integral e como os professores podem desenvolver as 10 competências gerais da BNCC em articulação com os diferentes componentes curriculares;
9 - Preparem-se para monitorar o uso do currículo nas escolas ao longo do ano, mapeando as dificuldades e oferecendo suporte aos professores por meio de materiais de apoio ou formações;
10 – Dê continuidade aos momentos de ação - reflexão - ação para constante aprimoramento e alinhamento da prática.
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