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Leia dicas e respostas da especialista em Psicologia da Educação, Catarina Iavelberg, sobre a vida escolar dos alunos e sobre a relação entre a instituição e a família

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Catarina Iavelberg
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Caso de furto exige ação

Como atuar diante do problema levando em conta as diferentes demandas de cada segmento

POR:
Catarina Iavelberg
Catarina Iavelberg. Foto: Tamires Kopp Nosso Aluno

Catarina Iavelberg é assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação

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Eles acontecem em qualquer escola - grande ou pequena, conservadora ou liberal, pública ou privada -, interferem na gestão do cotidiano e afetam as relações interpessoais da comunidade. Embora a prática de pequenos furtos pelos alunos seja recorrente, não devemos naturalizar esse fenômeno. Pelo contrário, é uma ação complexa que precisa ser entendida nas suas dimensões culturais, institucionais e psicológicas.

Muitos gestores tendem a ignorar o problema, pois acreditam que ele acaba com o passar do tempo. Outros preferem até omitir o fato com receio de aumentar o clima de insegurança ou por acreditar que a divulgação pode chamar a atenção para as fragilidades da instituição.

Gestores e professores precisam analisar e planejar ações conjuntas para combater tal ocorrência. O primeiro passo é mapear o que está ocorrendo. Para isso, vale conhecer a natureza dos objetos furtados para ver se tem valor material, educacional ou simbólico, saber a quem pertence (aos alunos, aos professores ou à própria instituição), de que ambiente desapareceu (da sala de aula, do pátio, das mochilas) e em que momento da rotina (no intervalo, na hora da saída, em uma aula específica ou um evento).

Não se trata de uma investigação policial, mas de recolher informações a fim de entender melhor o fato. Esse tipo de comportamento, quando protagonizado por um estudante, pode estar associado a dificuldades de ordem emocional decorrentes, por exemplo, de conflitos familiares. Nesse sentido, o ato pode ser interpretado como um pedido de ajuda.

Em um segundo momento, para discutir o assunto e pensar nos encaminhamentos, é importante reunir a equipe gestora e os docentes e apresentar os dados levantados. Como cada um atua quando há uma queixa dessa natureza? Qual a reação dos alunos e o que eles e a comunidade podem fazer para minimizar o problema? Em que momento a família entra nessa discussão? Como ajudar um estudante que frequentemente furta objetos? Quais os limites da instituição para solucionar o caso?

Ações coletivas e simultâneas costumam ser eficazes, porém é preciso respeitar a diversidade dos segmentos. A orientação educacional pode assessorar os docentes a fazer uma abordagem diferenciada para cada etapa da escolaridade. A leitura de um livro sobre o tema é um excelente disparador para uma roda de conversa com os pequenos. A resolução de dilemas morais com essa temática é um opção interessante para trabalhar com as classes do Ensino Fundamental, pois aprofunda a discussão sobre princípios e valores. No Ensino Médio, uma proposta de análise da relação entre furto e consumo ajuda os jovens a compreender que alguns desejos estão associados mais a um estímulo da cultura contemporânea do que a uma necessidade real.

Outra ação válida é promover discussões com as turmas sobre as regras de convivência e desenvolver campanhas de conscientização. É importante mostrar aos alunos como a sensação de insegurança e desconfiança é prejudicial a todos. O fundamental é ter em mente que as intervenções visam contribuir para a formação do estudante e estimular a reflexão sobre a prática e as possíveis consequências de atitudes como essas.