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Colunas Ética na escola

Confira os artigos de Terezinha Azerêdo Rios, doutora em Educação, a respeito das dúvidas e dos desafios enfrentados pelos gestores no dia a dia da escola

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Terezinha Azerêdo Rios
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Empenho em colaborar

Trabalhar em equipe é perceber as diferentes opiniões do grupo como algo que favorece a prática de todos

POR:
Terezinha Azerêdo Rios

Começar de novo. O verso do compositor e cantor carioca Gonzaguinha (1945-1991) ressoa nos nossos ouvidos quando voltamos ao trabalho no início do ano. Para muitos, a frase remete a uma repetição, à rotina que, imaginamos, logo toma conta de nós no cotidiano. Mas vale lembrar que todo recomeço traz o desafio da criação de algo que pode ser original, inovador e que se intromete no dia a dia para mudá-lo e melhorá-lo. Toda vivência é uma nova experiência, ainda que ela se repita.

Nessa época, algumas pessoas costumam organizar uma relação de coisas que se propõem a realizar mudando algo em sua vida: emagrecer, encontrar mais os amigos, aumentar a frequência da leitura, pôr ordem nos armários. De certa forma, o que se encontra nessas listas é uma intenção, um desejo ou uma esperança de conseguir tornar concreto algo que parece difícil no cotidiano às vezes árduo que se vivencia. Ter uma esperança é um gesto utópico. A utopia é um ideal - algo desejado, necessário e possível - em que não se encontra a certeza. Onde há certeza, não há necessidade de esperança. A esperança habita um espaço de incerteza e, também, de possibilidade. Se é possível ganhar, então apostamos, criamos expectativas.

Recomeçar um trabalho implica olhar para o que já foi conseguido e empenhar esforços em busca dos resultados desejados. Planejamos nossas ações apostando que elas serão da melhor qualidade possível porque estamos atentos às possibilidades que encontramos ou que devemos inventar. Quando conhecemos os obstáculos, nos dispomos, esperançosamente, a superá-los.

Será muito bom se a equipe gestora de nossas escolas se dispuser a retomar as atividades acreditando e investindo em algo fundamental para um resultado satisfatório: a parceria. O trabalho é efetivamente coletivo quando as pessoas se empenham em colaborar com ele. O parceiro é alguém que joga do nosso lado e com os mesmos objetivos, ainda que não se comporte como nós. É na diferença e na complementaridade que se realiza a verdadeira parceria.

Professores, alunos, funcionários, pais e comunidade são os parceiros dos gestores. E é preciso também afinar a parceria entre a própria equipe. Em novembro passado, participei de um encontro de supervisores de ensino no qual conversamos sobre o tema. Exploramos a questão da alteridade e dos desafios enfrentados quando trabalhamos com pessoas que defendem pontos de vista diferentes e nos apontam ângulos diversos das situações que vivenciamos e dos objetos que enfocamos.

O teólogo Leonardo Boff afirma que "todo ponto de vista é a vista de um ponto". E são muitos - e diferentes - os pontos. O esforço de se colocar no lugar do outro - e considerar a opinião que ele tem - é uma exigência fundamental para organizar o planejamento e desenvolver o trabalho com competência na escola. É importante que cada um procure se olhar do ponto de vista do outro a fim de refletir sobre o que fazer para atender à expectativa dele e do que buscam juntos. Dessa maneira, amplia-se a possibilidade de partilhar conhecimentos que complementam e melhoram a qualidade da prática de todos.