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Leia dicas e respostas da especialista em Psicologia da Educação, Catarina Iavelberg, sobre a vida escolar dos alunos e sobre a relação entre a instituição e a família

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Catarina Iavelberg
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Mudança de série

Juntos, orientador e professores devem planejar ações para auxiliar as adaptações dos alunos

POR:
Catarina Iavelberg
Catarina Iavelberg. Foto: Tamires Kopp Nosso Aluno

Catarina Iavelberg é assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação

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A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, do 5º para o 6º ano e mesmo do Fundamental para o Ensino Médio costuma gerar ansiedade e incerteza. É comum que professores, coordenadores e diretores sejam bombardeados no fim do ano letivo com perguntas dos pais, que estão ansiosos sobre as mudanças na futura rotina dos filhos. "As crianças vão mudar de turma?" "Quem serão os novos professores?" "A escola ficará mais exigente?" "Vai aumentar a lição de casa?" "Como será a partir do 6º ano, com tantos professores?" "E o Ensino Médio? Ele prepara para o vestibular ou é profissionalizante?"

Soma-se a isso a sensação de insegurança de muitos alunos em relação à etapa seguinte. Alguns chegam a pedir para faltar nos primeiros dias de aula por temer o desconhecido ou o contato com os colegas mais velhos. Outros têm de se adaptar a uma escola diferente, uma vez que nem sempre as instituições oferecem todos os segmentos da Educação Básica.

Lidar com esse quadro sensível é responsabilidade da Orientação Educacional, que deve atuar na integração da comunidade escolar com o trabalho pedagógico. Cabe ao orientador gerenciar as mudanças do cotidiano, incentivando a equipe docente a elaborar estratégias que auxiliem a adaptação dos alunos às novas demandas. Não se trata apenas de definir as turmas do ano seguinte (tarefa que é muito importante), mas desenvolver ações educacionais com os estudantes e sua família para fortalecer o convívio entre todos. Esse planejamento vai ajudá-los a compreender a mudança de série como um passo para uma etapa mais complexa da escolaridade.

Uma das atividades indicadas é aproximar os estudantes da turma que cursa a série acima. É possível convidar as crianças da Educação Infantil ou do 1º ano do Ensino Fundamental para apreciar a produção dos colegas mais velhos, assistir a um seminário feito por eles e à apresentação de um trabalho ou participar de um debate. Observar os outros em situação de aprendizagem ajuda a tirar possíveis temores em relação aos "grandes", produz admiração e um tipo de identificação que estimula o desejo de crescer.

É interessante fazer um levantamento das expectativas da turma em relação ao ano seguinte e convidar os colegas mais adiantados para uma conversa. Essa estratégia costuma ser eficaz com os que estão no 5º e no 9º ano do Ensino Fundamental. Quem está cursando o 6º ano e já passou pela mudança de segmento pode relatar as experiências dando dicas aos menores. A ideia é falar sobre as maneiras de gerenciar o tempo de estudo e lidar com a diversidade de professores. Do mesmo modo, os estudantes do Ensino Médio orientam os do 9º ano quanto aos cuidados que devem ter em relação às novas disciplinas e demandas.

Outra ação bastante eficiente para despertar interesse e compromisso nessa fase de mudança é o planejamento de uma visita, a ser realizada no fim do ano, aos espaços que eles irão ocupar futuramente. Os mais velhos são convidados a atuar como cicerones dos mais novos. O (re)conhecimento antecipado dos novos professores e dos lugares de convivência e de circulação ajuda a transformar a insegurança em uma expectativa positiva. Preparar uma aula inaugural a ser dada com a futura equipe docente também é uma proposta muito bem-vinda. Esse torna-se o momento ideal para apresentar aos estudantes os objetivos e o currículo da próxima etapa. E, se a sua escola não tem a continuidade da Educação Básica, um bom caminho é construir parcerias com outras instituições.

Não podemos esquecer que todas as ações planejadas para os alunos devem estar articuladas a outras atividades, com foco na família. As reuniões de pais e toda a comunicação realizada com eles são importantes ferramentas para informar sobre eventuais mudanças na rotina dos estudantes e orientá-los no sentido de ajudar crianças e jovens a enfrentar os novos desafios pedagógicos e pessoais que terão pela frente: maior quantidade de lições de casa, mais tempo de permanência na escola, aumento no número de disciplinas ou de alunos por sala etc. Os pais podem ser orientados a gerenciar a rotina dos filhos, garantindo o equilíbrio entre o tempo destinado aos estudos e as outras atividades.

As ações educacionais que visam à adaptação e à integração das turmas no início do ano letivo, como atividades esportivas e culturais, também são bastante importantes. Vale ressaltar aqui a necessidade de dedicar atenção especial aos alunos recém-chegados, um fator que contribui significativamente para a qualidade do convívio escolar entre todos. Ao eleger colegas cicerones responsáveis por apresentar o espaço e a dinâmica da instituição aos novatos, por exemplo, você propicia o fortalecimento da integração do grupo. Se a escola contar com um grêmio estudantil, poderá convidar esse grupo para ajudar a promover atividades de aproximação.

Parece paradoxal, mas é fundamental criar diferentes estratégias que auxiliem todos os alunos (e cada um deles) a superar os desafios enfrentados ao longo da escolaridade e, ao mesmo tempo, trabalhar para que essas exigências se tornem cada vez mais complexas.

Catarina Iavelberg

É assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação.