Olá,
Para que a escola trilhe um caminho cada vez mais sustentável, é importante que esse tema esteja contemplado adequadamente nos documentos que regem a concepção de ensino da instituição e a prática de todos que nela atuam. Buscando uma experiência interessante ligada a esse assunto, tive a oportunidade de conversar com a diretora Elite Ribeiro Valotto, da EPG Selma Colalillo Marques, em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, que atende alunos de 5 a 11 anos.
Minha primeira intenção ao falar com ela foi saber se o projeto político-pedagógico (PPP) realmente reflete um trabalho baseado na realidade local. Ou seja, quanto as atividades e ações educacionais propostas estão voltadas à identificação, à compreensão e à busca de soluções para as questões sociais e ambientais enfrentadas dentro e fora da escola. Procurei saber, também, se a concepção do PPP foi um processo participativo e colaborativo? Se respeitou as ideias, os ritmos e as limitações de cada docente e dos estudantes? Será que o próprio planejamento possibilitou a formação dos docentes e a troca de habilidades e saberes interdisciplinares? O produto final do PPP está alinhado com as políticas de Educação do município e os desafios socioambientais que ele enfrenta?
Todos esses questionamentos nos ajudam a avaliar se o PPP conseguiu contemplar a dimensão da sustentabilidade, levando para o documento aspectos essenciais como aqueles que vimos no post da semana passada. Você também pode refletir sobre o assunto, como eu e a diretora Elite fizemos, respondendo cada uma dessas perguntas e adaptando à realidade em que atua.
Segundo Elite, o PPP da EPG Selma Colalillo Marques tornou-se um processo dinâmico de construção coletiva, contínuo e permanente, vital para a gestão e o bom funcionamento da instituição. Ele serve como consulta na prática do dia a dia, ajuda a avaliar os rumos e processar as mudanças necessárias para atender a realidade local.
PPP na prática
Compartilho, então, algumas dicas minhas e da diretora para alcançar uma construção participativa e consciente desse documento. Vamos a elas:
- Convide cada docente a levar, para as reuniões de formação e planejamento, temas relevantes do cenário social e ambiental mais próximo da escola, começando pelo ambiente interno e pelo perfil dos alunos.
- Proponha um exercício coletivo, como uma votação ou o agrupamento por afinidades, para escolher um ou dois temas prioritários. Com base nos conteúdos das disciplinas em que atuam, cada docente pode tecer relações diretas com a temática eleita, demonstrando aos demais como abordará essa integração. Desse exercício, surgem possibilidades inter e multidisciplinares para uma mesma proposta educacional e a redação coletiva do PPP.
- Leiam em conjunto o PPP e outros documentos com diretrizes da Secretaria Municipal ou Estadual de Educação. Reflitam sobre como integrar as ideias nascidas no exercício anterior com o que a rede indica para suas unidades.
- A cada etapa de reflexão, retome esta pergunta básica: O que iremos fazer ajudará a transformar uma realidade que desejamos?
- Como a rotatividade dos professores é grande nas escolas brasileiras, mantenha um compromisso efetivo para integrar os novos docentes ao PPP, alinhando com eles os conceitos, os resultados já obtidos e os desafios a serem superados.
- Faça o monitoramento das ações. Uma boa maneira de concretizar isso é a criação de uma matriz de checagem dos principais resultados a serem atingidos, exposta na sala dos docentes (sinalizando verde para o que está “ok”, amarelo para o que precisa de reflexão e vermelho para o que não foi cumprido).
- Em cada reunião de formação e planejamento, eleja um docente para contar a sua experiência na implantação dos compromissos firmados e as lições aprendidas. Se houver tempo hábil, envolva também alguns alunos no relato.
Com todos esses cuidados, a EPG Selma conseguiu alguns resultados interessantes, segundo a diretora Elite me relatou:
- O trabalho interdisciplinar foi muito aprimorado, embora alguns pontos ainda precisem de melhoria.
- Mesmo que parcialmente, a escola melhorou a capacidade de aplicar a visão sistêmica e associada à realidade socioambiental.
- O desperdício de alimentos e a utilização de copos plásticos foram zerados.
- O cuidado com a água é praticado rotineiramente por crianças e funcionários.
- As famílias relatam que as crianças são portadoras de conhecimentos e orientações cobrando dos adultos a adoção de práticas sustentáveis.
- Foi implantada a coleta de pilhas, óleo e resíduos sólidos recicláveis.
E você, quais conquistas ligadas à sustentabilidade já obteve com o PPP da sua escola? Compartilhe conosco!
Forte abraço e até a próxima segunda.