Em fevereiro, uma de minhas metas era diagnosticar os saberes dos professores (acesse aqui o post de 15/01 para elencar os conteúdos de formação para o 1º semestre. Pois um dos conteúdos que logo se explicitou foi a atuação do professor na construção moral das crianças e o seu papel nos conflitos interpessoais. Algumas falas e posicionamentos que observei:
“Não sei o que fazer com o Francisco, que menino indisciplinado!”
“Ah João!! Você vai ficar só sentado do meu lado pois não sabe se comportar e está sempre incomodando os colegas.”
“A prô está muito triste com algumas crianças, não souberam se comportar e bagunçaram o cantinho da casinha, e agora a Mariana (estagiária) vai ter que arrumar tudo de novo!”
Sem dúvida que fazer a gestão da sala de aula no início do ano é um desafio para o professor, momento em que as 25 ou 30 crianças retornam à escola e estão experimentando pela primeira vez uma convivência social muito diferente da família, novos colegas e nova professora. Mas não podemos nos esquecer que o professor é um profissional que tem o dever de conhecer as características da faixa etária, saber como acontece o desenvolvimento moral da criança e está trabalhando numa instituição que tem seus pressupostos teóricos alicerçados nos princípios construtivistas, assim como sei que é meu papel fazer a formação desse professor e ajuda-lo a melhorar sua prática.
Como oriento meus professores?
Mãos à obra! Selecionei textos, vídeos e estudos de caso para fundamentar, ampliar e refletir com os professores sobre os encaminhamentos mais adequados nas variadas situações de convívio social, conflitos entre as crianças, liderança e coerência do professor.
As crianças de 3 a 5 anos possuem intensa atividade corporal, estão aprendendo a conviver e a usar a oralidade para explicitar seus desejos, muitas ainda possuem uma perspectiva egocêntrica ou estão começando a considerar o outro, o sentimento do outro, precisam de ajuda para considerar as regras convencionais e as regras da instituição e é nosso papel ajudá-las nessa aprendizagem, como podemos querer que já saibam como agir antes de vivenciar? Precisamos também entender que sempre haverá conflitos, disputas e desafios e isso é saudável, pois queremos formar indivíduos autônomos, críticos, cooperativos e solidários e esses conteúdos só são aprendidos se o vivenciamos, a escola é espaço para essa aprendizagem, em muitos casos o único espaço!
As referências bibliográficas sobre a formação moral dos indivíduos disponíveis são de altíssima qualidade, a começar pela obra de Piaget que todo professor deve conhecer e na escola o coordenador tem o dever de revisitar com o grupo de professores aliando a teoria à prática (Aqui a bibliografia que utilize).
O grupo de professores da minha escola é formado por profissionais comprometidos com a educação e dispostos a estudar, ler, refletir e qualificar cada vez mais a sua prática, são pessoas que assumem suas falhas, redirecionam sua prática (e os novatos que chegam também logo tomam essa postura) o que possibilitou analisar cada uma das posturas ou falas que iniciei esse post e elaborarmos uma sistematização do que aprendemos e dicas de como atuar em diferentes situações (veja aqui o documento).
E na sua escola as crianças estão tendo oportunidade de tornarem-se pessoas autônomas, críticas e solidárias?
Um beijo, Leninha