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Quando faz sentido publicar as escritas dos pequenos?

As produções artísticas instigam a exploração e a pesquisa dos materiais desde cedo

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Publicar as escritas das crianças é muito válido e pertinente, porque dá vida à instituição, documenta e comunica o trabalho pedagógico (Foto: Leninha Ruiz)
Publicar as escritas das crianças é muito válido e pertinente, porque dá vida à instituição, documenta e comunica o trabalho pedagógico    Foto: Leninha Ruiz

Já discutimos que é importante permitir que as crianças bem pequenas escrevam do modo delas e segundo as próprias ideias (leia mais aqui). Mas e depois que elas escreveram, o que devemos fazer com as produções?

Ter um mural para expor o que as turmas produziram é algo bastante comum na maioria das escolas. Nele, vemos desenhos, pinturas, fotos dos pequenos e resultados de pesquisas das crianças realizadas ao longo do ano. Tudo isso é muito válido e pertinente, porque dá vida à instituição, documenta e comunica o trabalho pedagógico e valoriza tudo o que é produzido. Entretanto, quando vejo apenas textos feitos pelos professores, como explicações de imagens, etiquetas ou textos informativos, penso que a escola perdeu uma grande oportunidade de mostrar a escrita dos pequenos – ainda que elas não sejam alfabéticas – numa situação de prática social real, ou seja, num momento que faz sentido escrever para comunicar as descobertas.

Inúmeras vezes, professores e coordenadores me perguntam sobre a pertinência de expor as escritas pré-silábicas, silábicas ou silábicas-alfabéticas e dizem que só tornam os textos públicos quando as crianças já estão alfabéticas. Ora, não esperamos que os pequenos falem convencionalmente para permitir que conversem. Pelo contrário, todo adulto atribui sentido aos balbucios de bebês e os incentiva, conversando com eles. As produções artísticas também seguem a mesma lógica e todos as valorizam, instigando a exploração e a pesquisa dos materiais desde cedo. Portanto, o mesmo fundamento vale para as escritas!

Até hoje, ainda há muito receio em mostrar e publicar o que é produzido pelos pequenos. Acredito que seja porque existe a ideia de que as famílias vão achar estranhos os primeiros escritos dos filhos e entender que tais textos não cumpriram a função de comunicar algo. No entanto, para rebater esses argumentos é preciso ter e deixar claro que aprender a escrever é um processo longo e complexo e cada produção exige muita reflexão. Para chegar a uma escrita alfabética, todos constroem hipóteses, as superam e avançam. Além disso, é necessário explicar a todos, inclusive para os pais, que, nos casos em que não é possível interpretar o que está escrito, podemos incluir a transcrição do que a criança escreveu (para saber mais, leia o texto de Mirta Cartedo e Cláudia Molinari aqui). O princípio é o mesmo de quando se utiliza legendas para permitir a leitura de textos em outros idiomas. As crianças sabem que escrevem de maneira diferente dos adultos alfabetizados e perguntar para elas o que escreveram antes de expor a atividade ou quando o professor quer deixar registrado para acompanhar a evolução das produções é muito pertinente.

Escritas não alfabéticas com o recurso da transcrição: As crianças pesquisaram sobre castelos e produziram esse cartaz para o mural da escola (Foto: Leninha Ruiz)
Escritas não alfabéticas com o recurso da transcrição: As crianças pesquisaram sobre castelos e produziram esse cartaz para o mural da escola     Foto: Leninha Ruiz

Se a escola compartilha constantemente com as famílias como ocorre o processo de aquisição da linguagem escrita e expõe sempre o que é produzido pelos pequenos, certamente estará valorizando as produções e validando cada fase ou hipótese das crianças.

Na sua escola, as produções escritas dos pequenos vão para o mural? Compartilhe conosco!

Um abraço, Leninha