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Ano letivo chega ao fim e o seu projeto não funcionou. E agora?

POR:
Joice Lamb
Foto: Getty Images

Na hora de avaliar o ano letivo, nem sempre temos boas notícias. Algumas vezes, aquele projeto no qual apostamos nossas fichas, que poderia gerar melhoria na qualidade do ensino-aprendizagem na escola ou que escrevemos com muita determinação não teve a adesão necessária nem o resultado esperado. Fica na gente um gostinho amargo de fracasso e a sensação de que não estamos fazendo nosso trabalho direito. Afinal, não é uma das funções da coordenação pedagógica desenvolver projetos?

Posso dizer por experiência própria que não conseguir a adesão da escola ao projeto que você desenvolveu deixa a gente muito desanimada, quase com uma sensação de inutilidade. Mas, não é possível deixar a peteca cair e precisamos utilizar as dificuldades para planejar melhor os próximos movimentos. Na hora de replanejar, pense nisso:

1. O projeto atacava um problema real?

Mesmo que a ideias sejam muito boas, não se justificam se não existe um problema real, identificado por toda a comunidade escolar. Sabemos que existem muitas possibilidades para os professores utilizarem em suas aulas e, se o projeto não tem uma função específica, não faz diferença entre escolher a proposta do projeto ou uma proposta que o próprio professor desenvolveu.  Discutir com os professores os problemas da escola a partir dos índices das avaliações externas, como ANA ou PROVA BRASIL,  pode ser uma maneira de identificar desafios pontuais.

2. Você tinha fundamentação adequada?

É necessário definir especialistas ou teóricos que fundamentam o seu trabalho. Copiar apenas uma ou outra passagem de um livro não é suficiente. Além disso, os professores também precisam conhecer esses autores e compreender as teorias para desenvolver bem qualquer projeto. Funciona ainda melhor se você sugerir livros e textos de escritores que eles já conhecem e acreditam.

3. Houve construção coletiva do projeto?

Os professores não são apenas executores: eles devem contribuir também com a construção do projeto. Mesmo que seja tarefa da coordenação dar forma ao que foi proposto, a equipe inteira precisa se enxergar nele e perceber que suas considerações foram levadas em conta.

No entanto, muitas vezes, pensamos em todos os aspectos citados acima, e ainda assim, o projeto não se desenvolve adequadamente. Talvez, tentamos abocanhar um problema maior do que era possível para um ano letivo e, então, esperamos um resultado muito mais significativo.

Vou dar como exemplo um projeto desenvolvido na minha escola. Percebemos que os resultados da Prova Brasil em Matemática estavam muito abaixo do desejado e também abaixo do que imaginávamos que os alunos pudessem responder.  Junto com as professoras de Matemática, desenvolvemos um projeto para descobrir e resolver esta questão. No primeiro ano, apenas trabalhamos para que os alunos fizessem as provas com dedicação para que pudéssemos confiar nos resultados. No segundo ano, desenvolvemos a proposta pedagógica e a intervenção com os outros professores a partir dos resultados da avaliação. No terceiro ano, colocamos a primeira etapa do projeto em prática. Não posso dizer que alcançamos os objetivos logo de cara, mas conseguimos perceber muitas coisas a partir das respostas dos professores ao projeto e podemos planejar uma segunda etapa.

Por último, acredito que não existe nenhum projeto capaz de produzir um resultado milagroso, mesmo que ele seja muito bem elaborado e executado, pois lidamos com pessoas e as suas mais diversas reações. Então, se o seu projeto não deu certo este ano, repense e busque parcerias e recomece em 2018 novamente. De nenhuma maneira deixe de ocupar este lugar tão importante que é o da coordenação pedagógica.

Joice Maria Lamb é professora da rede municipal de Novo Hamburgo-RS desde 1991 e já teve turmas em quase todos os anos do Fundamental I e II. Atualmente, atua como coordenadora pedagógica da EMEF Profª Adolfina J. M. Dienfenthäler. É formada em Letras, tem especialização em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica e foi uma das 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10 2017.