São inúmeras as possibilidades e necessidades de reflexão e melhoria dos encaminhamentos em sala de aula quando pensamos nas práticas de um coletivo de professores de Educação Infantil. Mas quais devem ser os conteúdos prioritários para trabalhar com os educadores?
Foi essa pergunta que me fiz quando uma escola me pediu para elaborar um projeto de formação para os professores das turmas de 4 e 5 anos. Até o momento, não havia um consenso sobre qual deveria ser o foco da discussão. Enquanto a diretora achava que era preciso discutir e tematizar os conflitos que havia entre as crianças e refletir sobre disciplina e limites, alguns docentes queriam saber mais sobre projetos no eixo de Artes Visuais. Por outro lado, outros profissionais gostariam de discutir sobre conteúdos e intervenções em Matemática.
E agora? Bem, todas as propostas pareciam muito pertinentes e, o melhor, partiam das necessidades que sentiam as pessoas que estão diretamente envolvidas na prática pedagógica diária. E posso dizer que faz toda a diferença trabalhar com um grupo de professores que tem consciência de quais são as carências deles, querem saber mais e estão dispostos a fazer um trabalho cada dia melhor.
Como definir o foco
No caso dessa escola, eu fui chamada para atuar somente num projeto específico de formação. Portanto, eu não conhecia a prática do grupo de professores de perto. Por isso, me propus a ir à instituição para conhecer melhor as turmas e os planejamentos dos profissionais. Não é possível elaborar um projeto de formação apenas com informações verbais sobre a prática pedagógica. É imprescindível saber o que acontece no dia a dia, seja com base em documentos como os planos, os registros e as produções das crianças ou por meio da observação das interações que acontecem nos diferentes espaços.
Após conversar com a equipe gestora e observar o dia a dia nas salas de aula, percebi que a formação deveria priorizar a Matemática. Cheguei a essa conclusão porque as propostas em Artes Visuais estavam acontecendo sem muitos equívocos e os professores não tinham grandes problemas na hora de estabelecer um clima de respeito e limites claros. Já as propostas do eixo de Matemática estavam muito centradas em atividades no papel, sem explorar o potencial dos jogos e as situações cotidianas.
Elaborando o projeto de formação
Ainda estou escrevendo o projeto, mas já tomei algumas decisões. Baseada em pesquisas didáticas que respaldam a prática pedagógica no eixo de Matemática, planejei vários encontros para aprofundar a reflexão sobre como as crianças aprendem a recitar, contar, quantificar e operar (leia mais aqui), discutir quais são as melhores intervenções do professor em determinadas situações, explicitar o papel das brincadeiras e jogos no processo de aprendizagem dos pequenos e de que maneira é possível acompanhar os avanços de cada criança, elaborando sequências e projetos adequados aos saberes da turma.
Também previ duas reuniões para atender a solicitação de abordar o eixo de Artes Visuais. A ideia é uma oficina para analisar alguns bons projetos que já tenho nesse eixo e vivenciar atividades utilizando suportes e materiais que os professores dessa escola ainda não utilizam. Acredito que, assim, eles terão um repertório maior para elaborar um bom planejamento.
Quando ao pedido da diretora de trabalhar limites e disciplina, propus disponibilizar alguns textos sobre o assunto e marcar um dia para eu e ela discutirmos o conteúdo. A intenção é instrumentalizá-la para que ela própria faça a reflexão com o grupo num momento que achar oportuno.
Essas foram as minhas escolhas. E na escola onde você trabalha, como você seleciona qual será o foco da formação?
Um abraço, Leninha