Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Notícias
5 4 3 2 1

O que determina uma boa situação de aprendizagem na alfabetização?

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
É preciso adequar as situações didáticas às possibilidades de aprendizagem dos alunos. (Foto: Manuela Novais)

É preciso adequar as situações didáticas às possibilidades de aprendizagem dos alunos. (Foto: Manuela Novais)

Na semana passada, conversamos sobre a elaboração de um plano de formação para professores alfabetizadores. Nesta, gostaria de compartilhar com vocês uma experiência que tive relacionada a esse tema e cujo foco são os aspectos que determinam uma boa situação de aprendizagem.

Ao lado de outros colegas coordenadores, realizamos alguns estudos sobre processos de aprendizagem. Após termos discutido conteúdos que envolvem a construção da escrita e hipóteses de leitura com os docentes, vimos a necessidade de partir para a prática e colocar a mão na massa no planejamento de atividades de alfabetização.

Analisamos uma série de situações didáticas de alfabetização em sala de aula e refletimos sobre quais aspectos determinavam uma boa situação de aprendizagem, utilizando o planejamento do professor como referência. Considero aqui o termo “situação de aprendizagem” como algo que resulta da atividade planejada pelo docente e as intervenções pedagógicas que realiza para incidir na aprendizagem nos alunos.

Após avaliarmos os materiais que os docentes produziam e as intervenções que realizavam, diagnosticamos, por meio das observações e registros feitos, que eles planejavam sempre as mesmas atividades em sala. Percebemos também dificuldade por parte deles em diferenciar atividades de leitura e de escrita. Além disso, não planejavam intervenções que fizessem o aluno refletir e avançar nas hipóteses de leitura e escrita. As propostas planejadas muitas vezes não estavam ajustadas às possibilidades de aprendizagens dos alunos.

O nosso desafio era elaborar com os docentes um plano de formação que trabalhasse esses pontos. A meta era que percebessem que podem ampliar seu repertório de atividades e identificar quais são os objetivos e as intervenções possíveis para cada uma delas.

Para isso, incluímos no plano tematizações de vídeos, análises de bons planejamentos e intervenções realizadas e a proposta de ampliação das atividades de alfabetização. Os professores puderam aplicar algumas dessas ações em sala e registrar o que observaram em relação à participação das crianças. Foi um momento de reflexão e ação.

Registramos, então, algumas conclusões dos docentes sobre o que define uma boa situação de aprendizagem:

- As atividades possuem focos e objetivos diferentes dependendo da hipótese de leitura e escrita que o aluno apresenta;
- Durante a rotina devemos dosar atividades de leitura e escrita;
- Devemos levar em conta o conhecimento dos alunos para planejar intervenções que possibilitem avanços;
- A organização da tarefa deve garantir a circulação de informações entre as crianças;
- Os alunos podem ser agrupados, mas o professor deve fazer intervenções para que interajam;
- Os alunos não devem ficar passivos, mas participar e se expressar sobre os conteúdos e a atividades propostas;
- O objeto de ensino na alfabetização deve ser a linguagem. Bons textos devem circular na sala de aula, como poesias, parlendas e cantigas.

A reflexão realizada teve como pano de fundo a capacidade intelectual dos alunos e a necessidade do professor de planejar situações adequadas dentro de cada contexto, pois temos sempre alunos com níveis de compreensão e saberes diferentes. Cabe ao docente conhecer, analisar e acompanhar o que eles produzem, para poder planejar atividades e agrupamentos considerando os ritmos e possibilidades.

Após essa experiência, percebemos avanços consideráveis na prática da sala de aula e um maior envolvimento dos professores nas reuniões de planejamento de boas situações de aprendizagem.

E vocês como intervêm quando percebem dificuldades dos professores em planejar?

Abraços,
Eduarda