Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Notícias
5 4 3 2 1

O que um diretor brasileiro aprendeu ao ver a gestão de uma escola pública norte-americana

Diretores com mais poder, inclusive o de contratar os professores, e mais responsabilidades, podendo até serem demitidos se desempenho da escola for ruim

POR:
Anna Rachel Ferreira
"A biblioteca é organizada como um espaço de busca de informações", explica Willmann Costa sobre escola norte-americana

Um gestor educacional, mas que não fica longe de ser um diretor de uma empresa. O diretor de uma escola pública nos Estados Unidos tem uma autonomia grande para tomar decisões no dia a dia da instituição, inclusive o de contratar ou demitir professores. No entanto, ele também responde pelo desempenho geral dos alunos e, diante de resultados ruins nas avaliações externas, sua própria posição pode ser questionada.Essa foi uma das lições aprendidas por Willmann Silva Costa, diretor do Colégio Estadual Chico Anysio, do Rio de Janeiro, após conhecer o trabalho na Live Oak Elementary School, uma escola pública da cidade que atende alunos de 6 aos 11 anos na cidade de Austin, Texas. A visita fez parte das atividades da comitiva de 11 profissionais de Educação brasileiros levados aos Estados Unidos para a South by Southwest (SXSWedu), principal evento de inovação em educação no mundo, realizada no entre os dias 6 e 9 deste mês.

Além de comentar o papel do gestor escolar nos EUA, Willmann também falou sobre como é a infraestrutura de uma instituição de ensino e como vários elementos, da concepção da sala de aula ao mobiliário do refeitório, são feitos de modo a aproveitar ao máximo o espaço.

ESTRUTURA FÍSICA

“A escola foi claramente pensada para essa finalidade. Os espaços são amplos. É possível fazer várias atividades que exijam movimentação dos pequenos. As salas são aconchegantes com sofás e poltronas à disposição. Ao mesmo tempo, há mesas e cadeiras para a realização de atividades, mas não são enfileiradas e, sim, distribuídas de maneira circular. Além disso, cada sala tem banheiros e pias. Desse modo, eles não precisam que alguém saia da sala para levar o pequeno ao toalete.

A biblioteca é organizada como um espaço de busca de informações e o silêncio absoluto não é uma norma. Livros e computadores convivem muito bem no mesmo ambiente e os alunos podem conversar sobre o que descobrem nas pesquisas. Na minha escola, já fiz essa adaptação e trouxe alguns computadores para a biblioteca.

Outro ponto que me chamou a atenção é a mobília. No refeitório, as mesas são desmontáveis e têm rodinhas. No mesmo ambiente há um palco. Quando é necessário transformá-lo em um auditório, as mesas são facilmente retiradas.”

" As salas são aconchegantes com sofás e poltronas à disposição", conta o diretor Willmann Costa sobre escola norte-americana

EQUIPE

“Na Live Oak, os diretores não são eleitos pela comunidade escolar, mas passam por um processo de seleção conduzido pelo estado em que lhes é exigido título mínimo de mestre. Achei que, desse modo, não fica aquela sensação de estar devendo algo por ter sido eleito e dá mais liberdade para tomar medidas impopulares, mas necessárias. Além disso, valoriza a formação do profissional para que ele esteja nesse cargo de gestão. Os professores não são contratados por concurso público, como no Brasil. Todos eles passam por entrevista com o diretor da escola que decide quem escolher e, caso o gestor avalie que o trabalho de algum não está funcionando, também é ele quem decide pela permanência ou dispensa.”

AVALIAÇÃO EXTERNA

“O país possui uma base curricular comum (Common Core) e, é com base nela que são feitas as avaliações externas. Os resultados dessas provas vêm com um diagnóstico dos pontos que precisam ser melhorados e pesam nas costas do diretor. É dele a responsabilidade primeira pelo desempenho da escola. Tanto que, se a escola for muito mal, ele pode ser dispensado de suas funções. Mas é na sala de aula que a aprendizagem acontece. Pensando nisso, a diretora da Live Oak me contou que ela sempre estuda o resultado, promove formações e incentiva os professores a buscarem cursos sobre os temas em que o desempenho da turma foi pior. Ela me contou que a resposta costuma ser muito positiva.”

INCLUSÃO

“É muito bacana o encaminhamento dado ao atendimento de alunos com deficiência. Como a escola funciona em tempo integral, há um período separado para a realização de trabalhos e atividades em geral. Por exemplo, se o professor passou um trabalho em grupo de História para entregar daqui duas semanas, os alunos podem usar esse tempo para fazê-lo. Também é esse o momento em que os estudantes que precisam de uma atenção extra vão para um espaço em que recebem um atendimento especial. Assim, eles nunca são retirados de sala de aula.”