Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Notícias
5 4 3 2 1

Projeto combate bullying nas escolas alemãs, mas crescem agressões contra judeus

O “Escolas sem racismo, Escolas com coragem” incentiva que instituições adotem medidas anti-discriminação, mas aumentam casos de estudantes judeus pedindo transferência

POR:
Ubiratan Leal
Alunos de escola alemã participante da campanha  SOR-SMC contra o racismo nas escolas com faixa do projeto

“Escolas sem racismo, escolas com coragem.” As escolas alemãs que exibem essa frase em suas paredes estão comprometidas a adotarem medidas para ter um preparo especial no combate ao racismo dentro do projeto SOR-SMC (iniciais do lema em alemão). Para fazer parte dessa rede, a instituição precisa apresentar a assinatura de 70% ou mais dos estudantes, professores e funcionários confirmando que estão envolvidos com a promoção da tolerância étnica e religiosa. Os alunos devem assegurar que serão realizadas atividades que combatam a discriminação e, uma vez por ano, cada unidade deve organizar um projeto sobre o tema.

LEIA MAIS: 21 perguntas e respostas sobre bullying

O trabalho surgiu em 1995 e já conta com a participação de 2,4 mil escolas, alcançando diretamente cerca de 1,5 milhão de estudantes. Números representativos, mas ainda não suficiente para acabar com os casos de bullying no país. Nem nas próprias unidades participantes.

No final de março, a notícia de que um aluno judeu de 14 anos pediu transferência de uma escola de Berlim que faz parte do projeto antirracismo causou uma grande surpresa entre os alemães. Motivo: o rapaz sofria sistematicamente com o preconceito antissemita dos colegas.

De acordo com o Jewish Chronicle, jornal voltado à comunidade judaica britânica e primeiro veículo a noticiar o caso, o garoto se tornou alvo de assédios verbais e físicos constantes na escola Gemeinschaft, localizada no bairro de classe média-alta de Friedenau, desde que revelou que era judeu. Um colega chegou a ameaçá-lo com uma arma de brinquedo. Outro disse: “Você é um cara legal, mas não posso ser seu amigo. Judeus são todos assassinos”.

Como a escola agiu

O rapaz contou à família o que aconteceu. Os familiares conversaram com os professores e gestores da instituição. A primeira medida tomada pelos profissionais foi convidar o avô do estudante, sobrevivente do Holocausto, para dar uma palestra sobre o massacre de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. O grupo Salaam-Shalom, que promove a convivência pacífica entre judeus e muçulmanos na Alemanha (muitos dos praticantes do bullying seriam de origem turca e árabe), também foi chamado para conversar com os estudantes. As ações, no entanto, não foram suficientes para impedir que o aluno pedisse transferência.

VEJA TAMBÉM: O que fazer em sala de aula quando se identifica um caso de bullying?

O caso da escola Gemeinschaft se tornou emblemático pela ligação da instituição com a campanha contra a discriminação, mas está longe de ser isolado. A cada ano, escolas judaicas da capital alemã recebem uma média de dez pedidos de transferências de alunos que deixam a rede pública por perseguição de colegas.

 

Tags

Aprofunde sua leitura