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Observação de aula: coordenador, não seja um estranho na sala

Alguns docentes podem se sentir invadidos com a observação. Veja como quebrar as resistências com planejamento

POR:
Joice Lamb
Crédito: Getty Images

Entrar em sala e observar uma aula é algo que pode assustar tanto o professor como o coordenador. Estar sob observação direta de uma pessoa estranha à sala de aula deixa os professores desconfortáveis. Por isso, coordenador, não seja um estranho na sala de aula.

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A observação da sala de aula tem o objetivo de contribuir com a formação do professor e com a adequada implementação do projeto político-pedagógico (PPP). Para que ela seja efetiva, precisa fazer parte de um conjunto de ações maior, previamente estabelecido entre os professores e o coordenador. A seguir, destaco alguns processos que utilizo e colaboram para a observação:

1. De acordo com o PPP da escola e juntamente com os professores é preciso estabelecer quais as propostas que devem estar presentes na prática de todos os professores. Assim, todos têm visibilidade do que poderá ser analisado nas observações. Por exemplo, se na proposta de determinada escola está posto que os alunos devem desenvolver atividades colaborativamente, quer dizer que além de estar no plano de estudos, é preciso que esta proposta esteja garantida nas aulas. Esses combinados precisam estar registrados a fim de que novos professores consigam se adaptar e os antigos sejam lembrados.

2. Em encontros individuais, coordenador e professor precisam conversar sobre as propostas e projetos de sala de aula, sobre as dificuldades dos alunos e do próprio professor. O coordenador escuta, sugere e orienta. É preciso deixar claro que o propósito da observação é ajudar o professor a identificar pequenas mudanças na prática que podem impactar os resultados com a turma. Alguns professores podem se sentir “vigiados” sobre o trabalho que está sendo realizado em sala de aula. É preciso desmistificar essa ideia.

3. As observações devem ser combinadas. Devido ao número de demandas e rotina do coordenador, nem sempre é possível garantir a presença em data e horário fixo. No entanto, um período aproximado deve ser indicado para que o professor não se sinta “pego de surpresa”. Indicar a semana que planeja assistir à aula, por exemplo, já é válido.

4. A ação do coordenador de tirar um tempo para pensar o que deve ser observado possibilita uma intervenção mais qualificada. Por isso, antes de ir para sala de aula, esteja preparado. Alguns coordenadores criam, junto com os professores, uma ficha de observação para garantir os pontos fundamentais já combinados. Por outro lado, a observação também é um momento de descobertas sobre pontos de melhorias da prática ou de reconhecimento sobre boas práticas. Além do olhar atento do coordenador para estes pontos, é necessário que o professor esteja ciente de que apontamentos fora do previsto também podem surgir.

5. A observação não acontece apenas nos momentos dedicados especificamente para a ação. Quando o coordenador entra em sala por outros motivos, como falar com alunos, entregar bilhetes ou pegar materiais, ele também deve estar atento. Nestas situações, podemos perceber movimentos que nos podem escapar quando todos estão tensos pela presença oficial do coordenador fazendo uma observação.

6. A observação não se restringe à prática do professor em sala. Ela também serve para acompanhar alunos e perceber sua interação com os demais e com o professor.

7. É importante reservar um tempo depois da ação para dar uma devolutiva sobre o que foi observado, independente de terem pontos que precisam ser ajustados ou não. A conversa depois da observação é fundamental e deve retomar os pontos que foram avaliados, bem como as conversas anteriores. Para saber como (e o que) dizer ao professor quando ele precisa mudar, recomendo a leitura deste texto, que fala sobre o tema.

8. Muitas vezes, observar as aulas e conversar com os professores pode não surtir efeito prático em sala. Uma opção nesses casos é o próprio coordenador realizar alguma atividade com as turmas. Esse movimento pode motivar alunos e professores. Podemos nos surpreender com o alcance de uma atividade! Aplicando com a turma, você não só mostra como fazer, mas sente as reações dos estudantes e consegue entender melhor os relatos do professor, ajudando a dar, inclusive, sugestões mais conectadas à realidade da situação.

Quando digo que o coordenador não pode ser um estranho, penso que ele precisa ser presente tanto para professores como para alunos. Dessa forma, a observação não será uma intromissão, mas um apoio. Esta atividade deixa de ser temida e constrangedora, para ser uma aliada no processo de formação do professor, e por consequência, no processo de formação do próprio coordenador. Parafraseando Paulo Freire, “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” e “ninguém educa sozinho”.

Um abraço,

Joice Maria Lamb

Professora da rede municipal de Novo Hamburgo-RS desde 1991 e já teve turmas em quase todos os anos do Fundamental I e II. Atualmente, atua como coordenadora pedagógica da EMEF Profª Adolfina J. M. Dienfenthäler. É formada em Letras, tem especialização em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica e foi uma das 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10 2017.

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