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Como planejar as formações de HTPC

Veja o que levar em conta na hora de escolher o tema para o encontro e uma sugestão de como organizá-lo

POR:
Camila Zentner
Crédito: Getty Images

O horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) deve ser lembrado como uma conquista dos profissionais da Educação ao longo dos anos. Foi o que permitiu que professores passassem a ter um espaço remunerado para planejar suas aulas, bem como continuar com seu processo de formação dentro do próprio espaço em que atua.  Não foi sempre assim. Por isso, precisamos reconhecer e valorizar este espaço.

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É no HTPC que encontramos uma das maiores atuações do coordenador pedagógico: a formação continuada. Dependendo da organização de algumas escolas, como é o caso da minha, com três períodos de aula (manhã, intermediário e tarde), o coordenador pode passar grande parte do seu dia atuando nessa frente. Por isso, esse lugar torna-se extremamente estratégico para que ocorram os debates necessários para que a escola avance em suas inúmeras questões ao longo do ano.

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Apesar de ser um espaço que demanda necessidades das mais diversas – desde o bate-papo dos colegas que só conseguem conversar nesse momento, das provas para corrigir, da aula para planejar, do diário de classe para preencher, entre tantas outras  – o horário de trabalho pedagógico coletivo não pode perder sua essência formativa.

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Torna-se então um dos primeiros desafios do coordenador, organizar o tempo do HTPC para garantir que as necessidades de todos sejam atendidas, inclusive das formações em serviço. Em nossa escola, dividimos os dias de HTPC entre formação, planejamento e organização dos registros. Os dias de formação são mais dirigidos e exigem maior concentração de todo grupo em torno de um mesmo assunto. Já nos dias de planejamento e registro, cada professor (sozinho ou em pequenos grupos) vai colocando suas pendências em ordem de forma mais descontraída, sem deixar de bater um papo com os colegas e desanuviar um dia cansativo de trabalho.

A escolha dos temas das formações

Os temas das formações devem partir de demandas do próprio grupo. Eles podem ser verbalizados pelos docentes em uma roda de conversa para planejar as futuras formações de HTPC ou pelas necessidades detectadas pela gestão. No segundo caso, os temas podem ser observados em avaliações, no acompanhamento dos planejamentos, no diálogo com os as crianças, comunidade, observação de sala de aula, entre outras possibilidades.

Assim como é tão importante a aprendizagem fazer sentido para os alunos, as formações também precisam fazer sentido para o professor. Por isso, é essencial buscar esse diálogo constante com o grupo, inclusive para receber os feedbacks ao longo do percurso.

Atualmente temos trabalhado bastante com formações em Língua Portuguesa e Matemática, visto que nas avaliações externas, sondagens e avaliações da escola temos observado um desempenho mais baixo dos alunos. Esses indicadores nos mostraram necessário investir na formação dos professores, oferecer ideias práticas para avançar. Também investimos em formações, por exemplo, sobre escolas inovadoras, trabalho por projetos, resolução de conflitos e dispositivos de participação democrática, por se tratar da base do nosso trabalho, que consta em nosso projeto político pedagógico (PPP).

Oferecer sugestões de novas atividades, promover oficinas para criação de jogos e atividades para desenvolver com as crianças, trazer novos títulos da literatura infantil, ideias de brincadeiras é super importante e ajuda muito o professor na hora de pensar em seu planejamento. No entanto, é preciso aprofundar-se na teoria para entender os motivos pelos quais fazemos a escolha dessas atividades e não de outras, pensar em que aluno queremos formar e quais caminhos temos para alcançar tais objetivos. Para isso é preciso um mergulho na bibliografia das referências em Educação, artigos, documentários, notícias e outras leituras, além de trocas de experiência. O ideal é, portanto, buscar o equilíbrio entre teoria e prática.

Não há um jeito certo de fazer, nem um formato único para realizar, como disse anteriormente, é no diálogo com o grupo que esses momentos vão se construindo. Porém, existem algumas etapas que podem auxiliar o coordenador conduzir esses momentos de formação. Separei aqui uma sugestão de roteiro que conheci em uma palestra e que pode ajudá-lo a organizar melhor esse espaço de estudo:

  1. Leitura em voz alta (formação do professor leitor);
  2. Expor os objetivos do encontro;
  3. Investigar os conhecimentos prévios do grupo sobre o tema;
  4. Traçar momentos de reflexão para ampliação do conteúdo (textos teóricos, vídeos, questões para discussão, tematização da prática);
  5. Reorganizar os saberes e sintetizar as aprendizagens;
  6. Avaliação do encontro.

Lembrando que o coordenador não é o formador dos professores, como, às vezes, possa parecer; ele é um facilitador, na medida que organiza o espaço para a formação coletiva e a auto formação de seus professores.

E na sua escola, como são os momentos de formações em HTPC? Conte para nós nos comentários!

Um abraço,

Camila Zentner

Camila Zentner Tesche é formada em Pedagogia com especialização em Educação Infantil pela Universidade de São Paulo (USP) e está na coordenação pedagógica da Escola da Prefeitura de Guarulhos Manuel Bandeira há 10 anos. A EPG atende a Educação Infantil e o Ensino Fundamental I e, desde 2015, faz parte do mapa de escolas inovadoras do MEC.

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