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Como apresentar seu projeto de parceria (e conseguir resultados)

Veja como escolher e abordar possíveis parceiros e como apresentar sua proposta

POR:
Giovanna Diniz
Mulher de pé em uma sala em frente a um quadro branco apresenta projeto em frente a outras pessoas desfocadas em primeiro plano
Foto: Getty Images

A escola não precisa colocar todos seus projetos de pé sozinha. As famílias dos alunos, vizinhos da escola, grupos locais e outras instituições podem apoiar esse trabalho. As parcerias podem oferecer suporte para diferentes seguimentos de ações na escola, da aprendizagem à infraestrutura. Ela também pode acontecer de diversas formas: com doação de materiais, conhecimento, força de trabalho, divulgação ou mesmo apoio financeiro. 

Um projeto de parceria pode atacar um problema da escola (como baixo rendimento escolar ou problemas de infraestrutura) ou ajudar a construir um sonho da comunidade escolar (aulas de música no contraturno ou revitalizar uma área da escola, por exemplo). O planejamento é fundamental – ainda mais considerando que ele será apresentado para um agente externo da escola. Depois de construir o projeto (veja aqui tudo que você precisa saber para estruturar um bom projeto de parceria), surgem outras questões: onde buscar parcerias para os projetos? Por onde começar? Como abordar um parceiro? O que é importante dizer na apresentação?

Escolhendo uma parceria

Depois de escrever o projeto e definir quais necessidades serão atendidas com a parceria, o primeiro passo é pensar quais instituições ou empresas se interessariam pelo projeto. Isso depende da natureza do problema que a escola pretende resolver, ou ainda, das metas que pretende alcançar. Os objetivos podem ser inúmeros, como conseguir verbas para materiais didáticos ou equipamentos, conseguir apoio para formação de professores, conseguir materiais para reformas, entre outros. Diego Mahfouz, diretor da Escola Municipal Darcy Ribeiro, salienta que mesmo durante a escrita do projeto já é possível pensar em qual tipo de instituição se encaixa com o projeto proposto. “Considero muito importante que nessa fase já se pontue a previsão de parcerias com entidades públicas, privadas, filantrópicas, entre outras, pois a partir do projeto pronto, porém flexível a mudanças, será mais atrativo e interessante a apresentação a possíveis parcerias”, diz.

Uma opção é disponibilizar para a comunidade do bairro (ONGs, movimentos sociais, institutos e empresas, por exemplo) as atividades que estão sendo realizadas na escola. O reconhecimento do trabalho realizado pela escola pode ajudar a chamar atenção para possíveis parcerias.  Um estudo do bairro e áreas próxima pode ajudar a mapear as possibilidades. Como essas organizações se concentram na mesma região, a visibilidade permite acompanhar de perto o desenvolvimento do projeto. Outra opção é acompanhar quais empresas ou órgãos públicos oferecem editais para o incentivo de práticas culturais ou educacionais, prestando atenção aos prazos de envio de candidatura e manuais para a escrita do projeto. Uma dica da coordenadora de parcerias da ASSOCIAÇÃO NOVA ESCOLA, Paloma Mello, é o site Parceiros da Educação. Segundo ela, o gestor pode usar o site para cadastrar sua escola em organizações sociais que fazem a ponte entre o parceiro interessado em investir e a escola.

Plataformas

Ainda para ajudar na hora de escolher as parcerias, existem algumas opções de plataformas para financiamento coletivo, em inglês, crowdfunding. A plataformas podem ajudar na hora de formular o projeto e disponibilizar uma conta para a doação de pequenas quantias, com a opção de deixar os detalhes do projeto que se pretende realizar. 

SomosProfessores.org

Essa plataforma funciona como outros sites de crowdfunding, com o diferencial de receber propostas de projetos de professores. Segundo Paloma Mello, a iniciativa é interessante porque estimula o protagonismo docente nas transformações da escola. “O professor precisa se cadastrar no site e propor um projeto, explicando a iniciativa, seu impacto e quais recursos serão necessários”, explica. 

Catarse

Um dos sites pioneiros em financiamento coletivo no Brasil, o Catarse pode ser utilizado para qualquer tipo de projeto ou arrecadação. A plataforma possibilita que pessoas de qualquer lugar contribuam para o projeto, que deve conter uma breve descrição das motivações, objetivos, metas e prazo final para as arrecadações. Para que o projeto obtenha êxito, é importante deixar claro todos os detalhes, além de incluir fotos ou vídeos.

O primeiro contato

Para as parcerias realizadas com empresas ou instituições (diferente do financiamento coletivo), a escola é responsável por fazer o contato e apresentar o projeto. É possível entrar em contato por e-mail ou telefone para buscar informações sobre as parcerias, mas, o diretor Diego Mahfouz alerta que essas formas de contato não sensibilizam o parceiro nem trazem credibilidade para a causa do projeto. “O apropriado é que o gestor constitua uma equipe e, juntamente com ela, agende e vá até a possível parceria apresentar o projeto, seus objetivos, justificativa e a importância da parceria na execução do mesmo”, completa. Na experiência de Claudio Neto, diretor da EMEF Infante Dom Henrique, em São Paulo (SP), o contato presencial foi mais efetivo. “Geralmente preferimos um contato direto em reunião, porque as tentativas por outros meios, como mensagens de e-mails, ofícios ou telefone, não favorecem respostas rápidas ou mesmo positivas”, diz ele. 

Cuidado nas apresentações

Na hora de apresentar o projeto para o parceiro, várias dúvidas podem aparecer. Uma delas é em relação ao formato, já que é necessário levar o máximo de detalhes possíveis sobre a escola e o projeto, o que muitas vezes não pode ser apenas apresentado sem material específico como Power Point ou documentos impressos. Para a Coordenadora de Projetos da NOVA ESCOLA, é importante estar bem preparado e saber quem estará presente no momento da apresentação, para assim poder adaptar o que será mostrado. Já na opinião de Diego, levar dados, planilhas e fazer slides é tão necessário quanto levar algum relato de um professor ou aluno para apresentar a realidade da escola e a importância do projeto em questão. “Nem todas as parcerias contam com pedagogos e profissionais da Educação em seu quadro de funcionários para se aprofundar numa discussão de mínimos detalhes pedagógicos, sendo assim o importante é demonstrar as reais necessidades, o público que o projeto irá impactar e a seriedade do trabalho”, acrescenta ele.

A apresentação é muito importante para mostrar que o projeto é feito por uma equipe, mas na hora das reuniões de negociação, é importante a presença de quem foi responsável pelo projeto e tem mais informações, no caso, o gestor escolar. Se a parceria é voltada para uma disciplina específica (como um projeto para aulas de música, por exemplo), é importante que o professor responsável esteja presente e bem preparado. Nesse momento, conhecer a empresa ou instituição parceira pode ajudar na hora de preparar a apresentação e decidir como se portar nas reuniões.

Um exemplo é o uso de linguagem informal que, segundo Claudio Neto, deve ser feito apenas quando os interlocutores deixarem isso claro. “Minha dica para a apresentação é conservar uma linguagem no mesmo padrão, além de trajar roupas mais formais e compatíveis com a ocasião”, comenta.

Depois da apresentação do projeto, o próximo passo é esperar a resposta do parceiro. Muitas vezes pode demorar, mas, de acordo com Claudio, isso depende do que foi combinado entre as partes, se foi estabelecido um prazo para a devolutiva. “Caso a resposta não venha, nós costumamos avaliar qual será o melhor momento para retomar o diálogo, mas isso não pode acontecer sem ter decorrido um tempo razoável”, adverte.

Para evitar parecer insistente, o gestor ou o responsável pelo projeto deve perguntar sobre a data de retorno logo após a apresentação, colocando-se à disposição para novas reuniões ou eventuais dúvidas. Caso o prazo de retorno seja ultrapassado, a escola poderá entrar em contato na forma previamente acordada com o parceiro após a reunião.