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O papel da gestão escolar na Educação empreendedora

Da formação de professores ao envolvimento da comunidade, passando pela mudança de cultura escolar: saiba como a dupla gestora pode atuar

POR:
Anna Rachel Ferreira
Crédito: André Asahida

Criar projetos e atividades na perspectiva da Educação empreendedora em classe é um bom caminho para desenvolver competências nos alunos como criatividade e colaboração para a resolução de problemas. Mas imagine como seria interessante potencializar esse impacto, levando o tema para além das paredes das salas de aula, fazendo com que toda a comunidade se movimente com uma postura proativa, engajada e colaborativa. Ao trabalhar com essas ideias na cabeça, a dupla gestora – coordenador pedagógico e diretor – pode revolucionar não só o dia a dia da escola, como a vida de cada um que faz parte dela. Todos ganham espaço para falar, são convidados a ouvir, resolver problemas juntos, tornando-se agentes de transformação. Isso impulsiona o desenvolvimento da autoestima das pessoas e viabiliza experiências significativas. “E mais: faz com que professores e demais funcionários, alunos e seus responsáveis se coloquem em um lugar de renovação, de aprendizagem constante”, diz Samuel Andrade, especialista em produção e edição de materiais pedagógicos. 

Gente que faz junto
Gestor que quer fazer da Educação empreendedora um norte para a escola tem de agir seguindo as premissas dessa perspectiva. Trocando em miúdos, quer dizer estar disposto ao diálogo, criar coletivamente e mudar sempre que necessário. Tudo isso só é possível se ele tiver proximidade com todos os atores da comunidade escolar e convidá-los a tornar realidade a gestão participativa. 

“É preciso estruturar processos para que a comunidade participe ativamente, não somente chamar as pessoas para serem observadoras passivas e executarem as ações criadas pela equipe gestora”, ressalta Samuel. O projeto institucional “Como envolver toda a comunidade escolar no tema da Educação empreendedora?” apresenta bons caminhos. Basicamente, o projeto se torna realidade em cinco frentes de movimento: da equipe de gestão, de professores, funcionários, estudantes e de outros setores da comunidade escolar e do entorno da escola. Uma das etapas do projeto implica convidaa todos a participarem de rodas de conversa sobre o tema de modo que desses encontros, surjam ideias e questionamentos que resultem em ações práticas e, consequentemente, na melhora do clima escolar.  

Outra excelente forma para começar a se aproximar da equipe docente e contagiar positivamente a escola com os valores da Educação empreendedora é propor inovações na própria gestão escolar. Com o projeto institucional “Oficinas de Educação Empreendedora”, por exemplo, o desafio para os gestores é criar um plano de ação para implantar oficinas de estudo, pesquisa, construção de conhecimentos e experimentação de práticas pedagógicas sobre o tema. Para tal, diretor e coordenador pedagógico têm de refletir sobre diversas questões. Algumas mais burocráticas, como quais espaços e tempos serão utilizados para as oficinas e os materiais necessários. Outras, mais conceituais, dentre elas, quais competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), querem estimular que os estudantes desenvolvam, o que fazer para promover o desenvolvimento da capacidade empreendedora e de valores empreendedores pelos estudantes e como potencializar e desenvolver as aprendizagens da comunidade para uma Educação empreendedora. 

Para engajar professores, especificamente, vale convidá-los a mergulhar no universo da Educação empreendedora nos momentos permanentes e reservados para formação continuada. “Que tal selecionar um plano de aula sobre Educação empreendedora a ser explorado com os estudantes e trabalhá-lo também com os professores?”, diz Renata Gonçalves, formadora de professores da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo. Além de conhecer melhor as nuances da proposta por meio do princípio da homologia de processos, a ideia é válida para que os educadores, juntos, coloquem a mão na massa e aperfeiçoem o material, troquem experiências e percepções sobre o tema para levá-lo à sala de aula mais fortalecido. 

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sobre Educação Empreendedora


Gestor empreendedor também é aquele que não se distancia da realidade da sala de aula. “Ele sabe o que acontece porque acredita que é importante apoiar e viabilizar o fazer docente”, afirma Luis Felipe Nóbrega, diretor da  EM Walmir Freitas Monteiro, em Volta Redonda (RJ). Ou seja, preocupa-se com a gestão do tempo, do espaço e de materiais para que os professores tornem planos de aulas e sequências didáticas realidade e façam da interdisciplinaridade algo presente no planejamento de todos. 

Sim, a escola tem uma cultura!

Formar cidadãos autônomos e proativos e construir relações interpessoais saudáveis são objetivos-chave e inegociáveis da Educação empreendedora. Fazer disso uma realidade não é fácil: leva tempo e requer determinação, resiliência e força para corrigir rumos sempre que necessário. Em resumo, é possível afirmar que a Educação empreendedora tem de penetrar e permear a cultura escolar, estando presente em planos de ações no projeto político-pedagógico (PPP).

Quando os objetivos citados acima deixam o campo teórico e passam a ser difundidos e colocados em prática no cotidiano escolar, fica mais fácil criar projetos institucionais para tratar temas específicos sob a mesma perspectiva. Luis Felipe ilustra bem essa questão contando o que aconteceu na escola onde atualmente é diretor. “Ocorreram duas trocas de tiros entre polícia e traficantes nas proximidades da escola. Foi uma experiência bastante traumática para todos" , conta ele, que se inspirou nessa experiência para  elaborar, então, o projeto institucional “Como tornar a escola um ambiente mais seguro?” A proposta explora questões sobre violência e segurança de modo com que elas façam sentido para a comunidade. O projeto levanta a discussão sobre o que é violência, chama a comunidade a falar sobre pessoas que conhece vítimas de violência e sobre casos marcantes. As pessoas também são convidadas a falar se existe alguma maneira de resolver a problemática da violência, de modo a pensarem juntas em um plano de ação, que passa a fazer parte do PPP.

Escrever antes de agir

Para trabalhar com a Educação empreendedora no âmbito da gestão sem cair no blá-blá-blá, a equipe precisa se organizar. A ferramenta mais poderosa e eficiente para isso é o projeto institucional. Considerado como uma metodologia de trabalho em si mesmo, ele tem como base o diagnóstico, a proposição de metas, a identificação e o planejamento das ações para solucionar uma questão. 

Sou gestor, sou empreendedor

Confira seis atitudes práticas no dia a dia da gestão escolar para que a Educação empreendedora seja colocada em prática: 

1- Estude! Busque boas referências teóricas sobre Educação empreendedora para basear de forma consistente suas ações. Com criatividade, faça adaptações para a realidade da sua escola.   

2- Abra espaço para o outro! Organize momentos de escuta e de fala e convide a comunidade escolar para momentos de criação coletiva.  

3- Compartilhe! Divida suas ideias com os alunos, professores e toda a comunidade escolar e considere a opinião deles antes de tomar decisões. 

4- Organize-se! Planeje seu trabalho fazendo planos de ação, avaliando cada etapa e fazendo mudanças de rumo quando necessário.

5- Pense no futuro! Avalie qual o impacto das ações do presente nos próximos anos, construindo um legado longevo.