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Leia dicas e respostas da especialista em Psicologia da Educação, Catarina Iavelberg, sobre a vida escolar dos alunos e sobre a relação entre a instituição e a família

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Catarina Iavelberg
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Eleições e cidadania

Ainda é tempo de refletir sobre a formação política que vem sendo oferecida aos estudantes

POR:
Catarina Iavelberg
Catarina Iavelberg. Foto: Tamires Kopp Nosso Aluno

Catarina Iavelberg é assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação

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Apesar do primeiro turno das eleições ter terminado, o assunto continua bastante presente no cotidiano dos alunos. E muitos educadores se interrogam sobre como tratar a questão. Nessa época, alguns promovem simulações da votação e outros convidam ativistas, candidatos e jornalistas para ministrar palestras ou participar de debates. Entretanto, a maioria prefere não se envolver com o tema. Essa escolha me parece ocorrer por duas razões: a crença de que escola não é lugar de fazer política e a descrença dos gestores e professores com a maneira como nossos representantes têm administrado o bem público.

Eu discordo daqueles que acreditam que Educação e política não se misturam. A escola não pode se ausentar da sua função social de educar crianças e jovens para o exercício da cidadania, o que é uma maneira essencial de praticar política. O conteúdo curricular que visa a formação sobre esse tema deve estar presente ao longo de toda a Educação Básica. Aprender a sentar em roda, respeitar o turno da palavra, compartilhar o material de uso coletivo, respeitar as regras de convivência, participar de atividades cooperativas e propor sugestões para melhorar a comunidade escolar são exemplos de práticas que contribuem para a construção da cidadania.

Esses conteúdos devem ser abordados com regularidade, mas só isso não basta. É importante que os estudantes aprendam conceitos como democracia, ideologia e movimento social. Eles também necessitam entender como se dá a organização do bairro em que moram, da cidade e do país e têm direito de conhecer as competências dos três poderes e compreender porque a mídia é reconhecida como o quarto poder. Devem saber as diferenças entre os sistemas monarquista, presidencialista e parlamentarista. Merecem ser confrontados com formas de atuação diferentes da partidária, como as realizadas nas mídias digitais e em movimentos sociais. Precisamos colaborar para que os alunos compreendam a complexidade dos problemas sociais e a intrínseca relação entre questões políticas, econômicas e culturais. Ao fim da escolaridade, eles devem ser capazes de ler a sociedade como uma rede constituída de conflitos e contradições.

A formação política não é tarefa fácil, mas não podemos nos esquivar dela. Para os educadores que estão decepcionados com os governantes e não vêm saídas, penso que o pessimismo não deve chegar ao ponto de privar os jovens de uma formação que lhes dará a oportunidade de fazer política de um jeito diferente e assim mudar a maneira como ela tem sido exercida no país.

Portanto, sugiro que aproveitem o ano de eleições para rever as práticas formativas e potencializar o trabalho feito regularmente, elaborando novas abordagens e convidando os alunos para a reflexão, tanto de teorias como de gestos e ações. Cidadania se aprende com exercício.