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Blog Sustentabilidade na Escola

Dicas, textos e depoimentos sobre como levar as questões ambientais para dentro da escola e para a comunidade

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O que fazer com o óleo de cozinha usado? Atenção: produzir sabão pode não ser o melhor!

POR:
Andrée de Ridder Vieira

Foto: Shutterstock

Olá,

A reciclagem, assunto do último post, rende várias transformações e projetos. Mas, será que para tudo que é gerado na escola há uma boa solução?

Vejamos o caso da água e do óleo de cozinha. Sabemos que eles não se misturam, mas quando estão juntos causam um tremendo problema para o meio ambiente e a economia. Aquele litro de óleo usado que vai embora pela pia ou pelo ralo chega a poluir 25 mil litros de água. Isso resulta na morte de peixes, plantas e algas e no desequilíbrio da vida aquática. Além disso, pode gerar o acúmulo de resíduos gordurosos na caixa de gordura o que, além do mau cheiro, atrai ratos e baratas. Quando o óleo vira efluente, lá vai mais um bom gasto com recursos e produtos químicos na estação de tratamento de esgoto para limpar a água.

A esse ponto, imagino que você já esteja convencido de que precisa fazer algo sobre o óleo produzido na cozinha da escola, né? Então, me diga, o que você faz com ele atualmente:

a)      Joga no ralo ou no vaso sanitário?

b)      Joga em um terreno ou quintal?

c)       Doa para a alimentação de outras pessoas?

d)      Junta com o lixo comum?

e)      Encaminha para reciclagem?

f)        Produz sabão artesanal?

Se você já foi direto para a alternativa “f”, deve estar feliz, mas sinto dizer que esse pode não ser o melhor caminho!

Por que não é recomendável produzir sabão?

Um bom sabão feito de óleo reciclado para limpeza geralmente leva soda cáustica na sua composição, um produto químico altamente tóxico, corrosivo e perigoso, que pode causar graves queimaduras na pele e até cegueira. E, ao ser usado na limpeza, esse sabão irá derreter e lá vai o óleo de novo, que não é nada biodegradável, poluir a água do mesmo jeito. Pior: junto vai a soda cáustica!

Então, o que pode ser feito? Em primeiro lugar, compartilhe essa preocupação com os funcionários e com os professores. Os docentes também podem levar o debate para a sala de aula, investigar com os alunos como o óleo age em contato com diferentes líquidos e refletir sobre as consequências disso. Assim, ficará mais claro o perigo de contaminação dos recursos hídricos por esse resíduo tão comum na alimentação (cada residência, em média, descarta cerca de meio litro de óleo por mês).

O segundo passo é descobrir, na cidade ou na região em que vocês estão, uma instituição que recicle corretamente o óleo usado e entrar em contato para ver como funciona a coleta: se eles vêm retirar na escola ou se alguém tem que levar no posto de entrega voluntária. Os sites do Made in Forest, da Biobrás e do Ecycle podem ajudar nessa busca.

Uma vez definido o destino do material, é hora de colocar em prática o compromisso coletivo com a coleta para reciclagem e armazenar o óleo usado, já frio, em garrafas de plástico (PET), se possível transparentes. Você pode usar um funil para evitar que ele escorra nas bordas. Há projetos que até doam para a escola o tambor de coleta e um kit pedagógico. Combine com as merendeiras ou com quem for cuidar dessa organização que fechem bem as garrafas e guarde em um local seco, longe do alcance das crianças.

Já que a ideia é sensibilizar os alunos e reconhecer a atitude deles, divulgue para as turmas o que será feito com o óleo. Dependendo da instituição parceira, ele pode servir de matéria-prima para produzir ração animal, massa de vidro, tintas, cola e biodiesel, que é um combustível mais limpo porque emite menos gás carbônico na atmosfera.

Quando um bom exemplo acontece, a tendência é que a adesão de todos seja grande. Então, se houver espaço adequado para isso, você pode aproveitar a oportunidade para combinar com a instituição coletora e transformar a escola em um posto de coleta de óleo e, assim, envolver as famílias dos alunos e os vizinhos nesse esforço. Para isso, faça cartazes explicando a importância da reciclagem desse material, o passo a passo da coleta e o destino que será dado a ele.

Se depois de tudo vocês ainda decidirem produzir sabão, lembrem de procurar receitas que não levem soda cáustica na composição!

Uma ótima semana, cheia de consciência.

Abraço,

Andrée