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Escola que prega inclusão vence Prêmio Faz a Diferença

EMEF Infante D. Henrique, em São Paulo, foi destaque na categoria Sociedade/Educação pelo trabalho desenvolvido com alunos imigrantes

POR:
Laís Semis
O diretor Cláudio (à direita) com o coordenador Carlos, e os alunos sírios Mohamed e Mayas acompanhados da mãe Sharazad. Crédito: Mariana Pekin

A 15ª edição do Prêmio Faz Diferença reconheceu o trabalho da EMEF Infante D. Henrique, em São Paulo, como inspirador para a Educação brasileira. Vencedora da categoria Sociedade/Educação, a escola se destaca pela integração de alunos refugiados e estrangeiros à rede pública de ensino. O prêmio é uma iniciativa do jornal O Globo em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). “Nós enfrentamos muitos problemas na escola pública e é bom saber que o trabalho que estamos fazendo está sendo visto e é reconhecido. Isso valoriza a escola pública e muda a auto-estima da equipe”, diz Cláudio Marques Neto, diretor da escola e blogueiro de GESTÃO ESCOLAR.

Alunos de mais de dez nacionalidades se encontram e convivem nas salas de aula da Infante D. Henrique, entre os quais bolivianos, senegaleses, haitianos, sírios e libaneses. As crianças imigrantes somam 20% do total de alunos da instituição. “Pelas matrículas desse ano, a tendência é de crescimento dessa porcentagem”, comenta o diretor. Para atender essa diversidade de nacionalidades, integrar e garantir o aprendizado dos alunos, uma série de ações passaram a integrar a rotina e os espaços da Dom Infante. A primeira se dá na chegada do estrangeiro: a recepção deste  estudante e apresentação da escola é feita por uma comissão formada também por alunos estrangeiros. As placas, além do português, estão escritas em inglês, espanhol e árabe. Entre os docentes, há fluentes também nessas línguas. E, para aproximar esses alunos a superar os desafios do idioma novo, há aulas de reforço de Língua Portuguesa para estudantes no contraturno, e pais, à noite.

LEIA MAIS: A EMEF que se tornou referência no acolhimento de imigrantes

Embora a EMEF Infante D. Henrique seja reconhecida hoje como referência na integração dessas crianças, ela também já foi espaço em que o preconceito contra alunos vindos de outros países da América Latina - o primeiro grupo imigrante a chegar à instituição - era comum. “Os alunos argentinos, colombianos e, principalmente, os bolivianos que eram maioria, eram discriminados, sofriam bullying e até violência. Às vezes, não podiam levar nem um eletrônico para a escola, que eram ameaçados na saída”, relata o diretor Cláudio Marques Neto. Para quebrar a barreira cultural, a proposta foi reunir quinzenalmente os alunos para apresentações da história, culinária e arte dos países de origem dos estrangeiros. “A dinâmica de ter esses alunos protagonizando projetos na escola e dos brasileiros se aproximarem da cultura de origem dos imigrantes nos ajudaram a mudar essa realidade em pouco tempo”, explica

. O projeto teve início em 2012 e continua até hoje entre as atividades da escola.

Para Cláudio, o maior aprendizado com a experiência do projeto permanente de integração foi constatar que é possível fazer mudanças culturais na comunidade em pouco tempo. “Questões de infraestrutura são muitas vezes difíceis de mudar. Mas para nós foi um grande aprendizado ver que é possível fazer uma proposta de trabalho com resultado na relação com a comunidade”, aponta o blogueiro de GESTÃO ESCOLAR. Mas, independentemente dos problemas enfrentados pela escola e dos desafios da equipe gestora, Cláudio destaca que o primeiro passo no processo de transformação é reconhecer que não existe trabalho solitário que trará mudanças. “É preciso construir um grupo que entenda a proposta, tenha um consenso de ideal de escola e, a partir disso, crie um significado compartilhado das ações. É preciso um alinhamento e o trabalho de todos da equipe para fazer do sonho, realidade”, diz.

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