Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Notícias
5 4 3 2 1

Escola e comunidade: 9 ações para começar uma boa parceria

Transcender os muros da escola é desafiador, mas inevitável para uma escola no século 21

POR:
Marlucia Brandão
Crédito: Getty Images

Quando pensamos em uma escola organizada e articulada que possa sobreviver e coexistir no atual cenário do  século 21, entendemos que ela precise ganhar um movimento novo. Esse processo precisa acontecer dentro e fora da sala de aula, transcendendo inclusive seus próprios muros. É algo desafiador para muitas escolas, mas inevitável para o presente e futuro da Educação.

A escola está inserida em uma comunidade e faz parte dela. Como tal, precisa criar mecanismos de parcerias e de diálogo produtivo, em que cada uma compreenda o seu papel a as suas responsabilidades. Ouvimos muito que uma boa aula é aquela que também ganha algum significado fora do espaço escolar, transformando uma vida toda ou partes importantes dela. Essa aula “especial” tende a frutificar na comunidade em que o aluno está inserido, respeitando assim a história e a cultura local, mas também possibilitando novos olhares e novas possibilidades.

LEIA MAIS   Como a escola pode criar uma parceria transformadora com a comunidade

O que une essa parceria?
A ideia de uma escola fechada em seus princípios e distante da comunidade da qual ela faz parte, não é concebida mais. Isso acontece porque as duas estão intrinsecamente ligadas por um elo forte e dinâmico: gente!

Entendemos que trabalhar na construção de uma relação positiva com a comunidade do entorno é muito importante para o desenvolvimento da escola e dos próprios alunos. Isso acontece quando escola e comunidade coexistem em um processo de harmonia e respeito em que as duas se encontram de peito aberto para construir juntas. Nesse movimento, uma pode ser o apoio da outra. Permitir que escola e comunidade percorram caminhos distintos, pode prejudicar (e até romper) laços importantes e a possibilidade de encontrar um parceiro produtivo e significativo no território.

LEIA MAIS   Como organizar o horário de entrada e saída da escola

Para isso, a comunidade precisa acreditar na escola que divide o espaço com ela. Uma escola forte resulta em uma comunidade igualmente forte – e vice-versa. Vamos usar o exemplo de uma escola inserida em uma comunidade que tem problemas sociais. Eles ultrapassam os muros e chegam na escola (afetando a frequência e rendimento dos estudantes). Para que a escola, de fato, participe de forma ativa na solução das adversidades encontradas em sala de aula resultantes e com o engajamento de todos, ela precisa conhecer bem esse cenário para que seja possível pensar ações conjuntas e conquistar melhorias.

Atitudes como essas geram reconhecimento para a escola e criam uma visão positiva junto aos moradores do bairro, o que a fortalece e promove o serviço escolar. A comunidade também colhe frutos, já que passa a contar com uma nova parceira.

Além disso, os benefícios chegam até os alunos, pois a escola, ao se aproximar da comunidade, tem mais condições para atuar no desenvolvimento integral de seus alunos, oferecendo uma Educação que faça sentido e considerando sua trajetória.

LEIA MAIS   Gestor pesquisador: você conhece de verdade a escola e a comunidade?

Por onde começar?
Para que aconteça a interação, é preciso que a escola encontre formas de estar mais presente no dia a dia da comunidade e também o inverso. Para que esse trabalho alcance o seu propósito, é necessário que toda a comunidade escolar assuma o compromisso. Assim, estamos no caminho de garantir que os objetivos se concretizem em ações com a participação de todos, cada um na sua função.

A seguir, compartilho algumas ações que podem fortalecer a relação entre escola e comunidade:

1. Apresente-se e coloque-se à disposição das famílias para além das convocações para reuniões de pais ou para as conversas sobre comportamento dos filhos. É necessário incentivar a participação da família no cotidiano escolar e para isso é necessário, antes de assumir, criar uma boa relação. Ao criar um diálogo mais próximo, se estabelece com ela a primeira parceria para futuras ações e se ganha mais uma ponte para a relação entre escola e comunidade. Nesse quesito, também vale considerar a disponibilização de  canais efetivos de comunicação dentro da escola, para que os familiares sejam incluídos em debates e possam opinar em diversos momentos da rotina escolar.

2. Acolha pais, responsáveis e outros atores que buscam diálogo com a escola. Não basta apenas abrir espaço na agenda para mais momentos de conversas com a família se esta não se sentir confortável dentro do ambiente escolar e com os diferentes funcionários da escola. A função de acolhida não cabe apenas ao diretor, mas é um direcionamento válido à toda a equipe escolar.

3. Faça da família uma embaixadora da escola na comunidade. Famílias com uma visão positiva da escola conseguem expressar isso em suas relações pessoais e sociais. Desta forma, elas podem ajudar na construção de novas parcerias entre a gestão e a comunidade a partir da sua própria atuação e vivência nela. Além disso, podem compartilhar suas habilidades no desenvolvimento de ações e também suas experiências positivas sobre a escola

4. Realize  projetos que envolvam a comunidade. Reuniões e encontros podem deixar a comunidade a par dos projetos. Além disso, são oportunidades de convidá-la a participar de ações – seja com ideias, indicações ou mão na massa.

5. Trabalhar, a partir dessa parceria, a responsabilidade social e seus valores. É importante que a equipe escolar conheça o bairro em que está inserida e que pensem em formas de colaborar nas suas reivindicações.

6. Insira no planejamento temas que apoiem as causas da comunidade. Elas são uma grande oportunidade de encontro frutífero entre os dois atores. O bairro e a cidade onde os alunos nasceram e vivem fazem parte da vida delas. Ver ações que resultam em impactos para a comunidade pode trazer mais significado para os estudantes, bem como mais engajamento por parte deles. A escola pode considerar temas locais no planejamento e elaboração de suas aulas e projetos.

7. Considere práticas pedagógicas que abordem problemáticas do bairro e sensibilizem a todos para a resolução dos problemas. Os projetos podem enriquecer a aprendizagem dos alunos e ainda estimular a relação entre escola e comunidade. Propicie ações simples, como caminhadas pelo bairro e entrega de panfletos para as causas defendidas no projeto. Desta forma, os alunos também podem ter contato com as temáticas desenvolvidas.

8. Crie uma página nas redes sociais para a sua escola. Este espaço pode servir de canal de comunicação entre a equipe pedagógica, as famílias e os moradores do bairro. Além disso, a página pode divulgar ações que está desenvolvendo e até recrutar interessados em ajudar nas atividades que a escola está planejando

9. Abra os portões da escola para a participação dos moradores nos eventos escolares. Esse movimento acaba tendo uma ação bastante positiva já que esta pode ser uma oportunidade para que a comunidade conheça o espaço e o trabalho desenvolvido pela instituição para futuros contatos.

Na escola em que sou diretora (a EMEIEF Boa Vista do Sul, em Marataízes/ES), também temos dado passos rumo às parcerias. Para isso, realizamos o dia da Família na Escola, aberto a toda a comunidade e ofertamos com o apoio de outros parceiros várias ações:

- Apresentação de musicais e peças teatrais;
- Palestras de temas diversos;
- Brincadeiras;
- Aferição da pressão arterial;
- Teste de glicose;
- Aplicação de flúor;
- Corte de cabelo e maquiagem;
- Inscrição para abertura do CPF e da carteira de identidade

Entre outras ações! Mas é exatamente através de ações simples como essas, que nossa parceria entre escola e comunidade têm ganhado um alicerce poderoso. Afinal, é a partir e da união de propósitos em torno de um objetivo comum que laços importantes também são estreitados e fortalecem as relações interpessoais de amizade, de solidariedade e de respeito.

Um abraço,

Marlucia Brandão

Diretora da EMEIEF Boa Vista do Sul, em Marataízes-ES, desde 2016, e professora de Língua Portuguesa, com especialização em Linguística Aplicada ao Português, Psicopedagogia Institucional e Ciências da Educação. Deu aulas em todas as etapas, da alfabetização à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Também foi Secretária de Educação de Marataízes entre 2011 e 2012.

Aprofunde sua leitura