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Replanejar é ter um novo olhar – para não deixar ninguém para trás

Ao avaliar o que deu certo e o que não funcionou no primeiro semestre, é importante estar aberto a buscar formas diferentes de avançar a aprendizagem

POR:
Marlucia Brandão
Crédito: Getty Images

O período de férias ou recesso escolar de julho é o momento propício para que gestores e a equipe pedagógica possam analisar e refletir juntos sobre aquilo que foi sonhado e colocado no Plano de Ação 2019 – e o que já foi realizado. É o momento também de olhar de perto aquilo que, por um motivo ou outro, não saiu do papel ou que no dia a dia mostrou que precisava ser feito de maneira diferente.

Foi assim que fizemos na EMEIEF Boa Vista do Sul em Marataízes, no Espírito Santo. Eu me reuni com as queridas pedagogas Jussimara de Souza Nascimento (Pedagoga do turno matutino) e Valquíria Costa Marvila Silva (Pedagoga do turno vespertino) nesse período de recesso escolar para avaliarmos juntas os resultados do 1º semestre e reorganizarmos o 2º semestre.

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Com o Plano de Ação em mãos, analisamos cada ponto proposto e tudo que ainda está por vir. Nesse processo, nós percebemos o quanto é importante ter estabelecido um Plano de Ação que levasse em conta a nossa realidade e que contasse com a ajuda e contribuição de todos os atores da escola.

O Plano de Ação é um documento muito importante e, por isso, ele está sempre disponível aos professores. Uma cópia fica com a equipe pedagógica para que todo e qualquer professor, ao repensar sua prática e seus projetos, possa alterá-lo e viabilizar essas mudanças.

Por ser aberto e flexível, o Plano de Ação nos dá essa possibilidade de subtrair o que não foi realizado e propor outros caminhos que vão surgindo ao longo da trajetória escolar.

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Na prática: Dia da Família não é um dia só

No nosso Plano de Ação do início do ano, o Dia da Família na Escola fazia parte do calendário como culminância de projetos que cada turma vinha trabalhando – poesias de Vinicius de Morais, Menino Maluquinho, quadrinhos de Maurício de Sousa, entre outros. Só que ficou claro que oferecer apenas um dia para que as famílias possam visitar e conhecer a escola, entender as propostas dos professores e a relação dos alunos com aquela instituição não daria conta. Nem todos os familiares conseguem participar da visita em um só dia e perdem a oportunidade de ver como a criança ou o jovem está se saindo e se aproximar mais da escola.

Aviso para o Dia da Família e para a Feira de Ciências na EMEIEF Boa Vista do Sul
Foto: Arquivo Pessoal / Marlúcia Brandão

Em conversa com os professores antes do recesso escolar, ficou decidido que em lugar do Dia da Família, teríamos praticamente um mês inteiro para receber as famílias. Cada turma do período matutino receberia os pais em um café ou chá literário antes do Dia D, para proporcionar não apenas a socialização, mas para que professor e alunos pudessem presentear as famílias de cada criança com um demonstrativo da sala de aula. Os familiares – pais, avós, tios, irmãos – terão a oportunidade de vivenciar aquele momento com os alunos.

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Chamar a família só para reunião é muito chato. Imagina a diferença em chegar à escola e quem vai te receber é seu filho, seu neto, seu sobrinho, que vai te levar para conhecer tudo por dentro. É importante chamar as famílias para ver o lado bom da escola, entender que o aluno é protagonista das ações da escola e participar de atividades lado a lado (na nossa escola, vai ter corrida com o ovo na colher, entre outras dinâmicas). E essa é uma forma de incentivar que essa criança fique também na escola.

Essa ação só será possível porque nós nos sentamos para acrescentar mais detalhes e revigorar ainda mais o nosso Plano de Ação. Resumindo, nós pensamos e desenvolvemos a estratégia no início do ano, mas quando não dá para realizar, a gente modifica. 

Na prática: avaliação não é só prova

Quando eu assumi a EMEIEF Boa Vista do Sul, a escola tinha 260 alunos. Hoje são 390, pois muitos alunos vêm de outras escolas menores do interior, para cursarem o Fundamental 2 conosco. Isso faz com que tenhamos alunos em diferentes níveis de aprendizagem e é uma realidade com a qual temos de lidar todos os dias – e que tem um peso no processo de avaliação.  

Durante o recesso, eu sentei com a equipe pedagógica para discutir sobre o processo de avaliação e como apoiar nossos professores e alunos nessa segunda metade do ano letivo. Fizemos apontamentos sobre o rendimento das crianças – quais suas dificuldades e progressos, em que eles estão avançando e onde encontram desafios – antes de pensar nos próximos passos para cada um deles.

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O professor não pode se sentir solitário nessa etapa de avaliações. Por isso discutimos com eles quais as dificuldades que enfrentam e o que poderia ser agregado ao processo de aprendizagem e de avaliação.

A reunião entre a diretora Marlúcia Brandão e as pedagogas Jussimara de Souza Nascimento e Valquíria Marvila Silva
A reunião da diretora Marlúcia Brandão com as pedagogas Jussimara de Souza Nascimento e Valquíria Marvila Silva Foto: Arquivo Pessoal/Marlúcia Brandão

Temos duas turmas de 6° ano e três do 7° ano para as quais discutimos especificamente algumas ações que vêm dando resultado nos últimos anos. Ao ouvir os professores com atenção, é possível encontrar um caminho juntos. A professora de História, Elizabeth Trucoli Paiva do 6ºA me falou de um aluno que tem muita dificuldade para escrever, então vai mal em provas escritas. Mas ele sabe se expressar muito bem oralmente. Então, por que não oferecer a chance de uma avaliação que leve isso em conta, em que ele possa falar sobre o que aprendeu?

 Nós consideramos muito na escola a avaliação atitudinal e em nossas conversas, buscamos esses caminhos, tentar por aqui, quem sabe de outro jeito esse aluno possa aprender? E tem sido um aprendizado muito bom para todos nós, com uma evolução e resultados.

Eu acredito que a escola que só reprova, é escola que encontra dificuldades em ensinar. Nós, gestores e professores, precisamos entender e respeitar as dificuldades do aluno para ter esse olhar diferente, de buscar formas de aprendizagem na hora de fazer a avaliação. E nunca deixar o professor sozinho. O que você precisa que eu faça? O que precisa de mim?

E assim a gente não deixa ninguém para trás.

Marlucia Brandão é diretora da EMEIEF Boa Vista do Sul, em Marataízes-ES, desde 2016, e professora de Língua Portuguesa, com especialização em Linguística Aplicada ao Português, Psicopedagogia Institucional e Ciências da Educação. Deu aulas em todas as etapas, da alfabetização à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Também foi Secretária de Educação de Marataízes entre 2011 e 2012. 

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